Comentaristas políticos debateram a operação realizada na Vila Cruzeiro
Os comentaristas Guga Noblat, Zoe Martínez e Adrilles Jorge tiveram um embate de ideias em relação à operação da Polícia Militar no Rio de Janeiro desta terça-feira (24). Durante o programa Morning Show, da Jovem Pan, Noblat classificou a ação como “chacina” e apontou que não houve mortes entre os policiais. Martínez e Adrilles, por outro lado, defenderam os agentes e destacaram que a sociedade tende a “defender o bandido e ir contra o policial”.
“Foi uma operação de força bruta, uma chacina, uma operação burra, estúpida, que levou à morte de 24 pessoas [26 no número atualizado], nenhum deles da PM ou da Polícia Rodoviária Federal. Se fosse troca de tiro legítimo, se fosse autoproteção, no mínimo alguém ia se ferir, isso todos os especialistas são unânimes. Essa é a segunda chacina, teve uma outra ano passado, que eles mataram também perto de 20, e nenhum policial se feriu. Essa é a segunda vez que isso acontece. Estou mostrando que isso é uma chacina, que esse é um ataque deliberado de um lado contra o outro”, pontuou Guga Noblat.
Adrilles, por sua vez, apontou que trata-se do “lado do bem contra o lado do mal”. Já Martínez questionou se Guga estaria lamentando que não houve baixa entre os agentes, o que ele negou, dizendo que quem incita “policial a levar tiro é o Bolsonaro e os outros políticos, que fazem apologia a esse tipo de operação”.
Zoe rebateu as falas de Guga afirmando que a polícia tem que fazer o trabalho dela e mencionou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de impedir operações nas favelas durante a pandemia, o que teria levado à migração de criminosos de outras partes do país para as comunidades do Rio de Janeiro.
“Quando a polícia fica sabendo disso, cabe à polícia tentar prender esses bandidos. E quando estavam subindo o morro foram recebidos a tiros. O que você faz quando é recebido a tiros? Você tem que fazer alguma coisa para defender a sua vida. Ou você prefere a vida de um bandido? Se você está lá no meio de uma troca de tiros entre bandido e policial, policial luta pelo quê? Pelo bem da sociedade, que luta contra as drogas, que quer prender o bandido e colocar na prisão. Aí, você vê o bandido atirando, o que você prefere? Que morra o policial ou que morra o bandido? Infelizmente, a nossa sociedade tende a defender o bandido e ir contra o policial”, assinalou Zoe.
Ela também defendeu a atitude do presidente Jair Bolsonaro de parabenizar os agentes de segurança.
“O policial arrisca sua vida, sobe no morro, tenta prender esses criminosos. E o que faz o Supremo Tribunal Federal, além de impedir essas operações? Vai lá e solta um André do Rap, por exemplo, em 2020. Soltou um dos maiores traficantes do mundo! Um dos mais perigosos, que está foragido através de habeas corpus. Infelizmente, a polícia vai lá, arrisca sua vida todos os dias, não é valorizada, o presidente da República valorizou o trabalho deles, deu os parabéns. Infelizmente, perdemos vidas inocentes, mas faz parte desse processo. Mas mais da metade era criminoso que estava lá atirando contra a polícia que estava fazendo o seu trabalho”, acrescentou.
Em sua fala, Adrilles estendeu sua crítica às declarações do ministro do STF, Edson Fachin, que afirmou ver com “muita preocupação” a operação no RJ.
“Isso é um desaforo ao bom senso e à condição social de quem é dominado pelo tráfico. É um desaforo a famílias que perdem inúmeros filhos, inúmeras pessoas pelo tráfico de drogas. Isso é uma fala quase canalha do Fachin, achando que isso vai causar transtorno. Transtorno causa você ter uma milícia, um tráfico de drogas, você ter um crime organizado comandando favelas. E é claro que as pessoas têm um tipo de medo da polícia, porque se entra polícia lá, acontece uma guerra em que os criminosos usam a população como escudo. (…) Dizer que isso é culpa da polícia? Isso é asqueroso, isso é imoral”, avaliou Adrilles.