Vitória de esquerdista derruba Bolsa no Chile e faz dólar disparar

Nesta quarta-feira, 22, principal indicador da Bolsa de Santiago ainda opera no negativo, embora próximo da estabilidade

A eleição do esquerdista Gabriel Boric para a presidência do Chile vem causando forte impacto negativo na Bolsa de Valores do país. Na segunda-feira 20, o dia seguinte à eleição, o dólar disparou e teve o maior salto desde 2008.

O peso, por sua vez, chegou a sofrer um tombo de mais de 3%, ampliando as perdas da moeda local para mais de 18% neste ano, um dos piores desempenhos do mundo frente o dólar. O dólar foi negociado a 878 pesos chilenos (R$ 5,77), maior valor desde março de 2020, no início da pandemia de covid-19.

O índice SP IPSA, o principal da Bolsa de Valores chilena, registrou um forte recuo de quase 8% na abertura do pregão na semana. O índice da Bolsa de Santiago fechou em queda de 5%.

Nesta quarta-feira, 22, o indicador ainda opera no negativo, embora próximo da estabilidade (-0,4%).

Em relatório divulgado ainda no domingo 19, o vice-gestor de estratégia de investimento da Falcom Asset Management, Hugo Osorio, afirmou que “os preços de mercado ainda não tinham incorporado que Boric poderia ganhar a eleição com uma margem tão ampla e um comparecimento tão alto”.

Ex-líder estudantil de extrema esquerda, Boric obteve 56% dos votos válidos, enquanto o conservador José Antonio Kast ficou com 44%. Mais de 8,3 milhões de chilenos foram às urnas, na maior participação desde o restabelecimento da democracia no país, em 1990.

O novo presidente do Chile

Aos 35 anos, Boric será o mais jovem presidente da história do país e vai suceder o direitista Sebastián Piñera, cujo segundo mandato termina em março de 2022. O esquerdista governará com um Congresso dividido, com o qual será necessário negociar para viabilizar projetos como as reformas da Previdência e do sistema tributário.

Além disso, Boric será presidente durante a assembleia que vai definir uma nova Constituição para o Chile. Caberá a ele implantar a Carta Magna, caso ela seja aprovada. Nas últimas semanas, Boric obteve o apoio dos ex-presidentes Ricardo Lagos e Michelle Bachelet, ambos também de esquerda.

Em seu programa de governo, as principais propostas são “o feminismo, o ambientalismo e a descentralização do poder”. O presidente eleito também defende a legalização do aborto, além de um Estado social-democrata.

Apoiado pelo Partido Comunista do Chile, Boric foi o responsável pelas articulações das manifestações violentas no país em outubro de 2019. Depois dos protestos, o presidente Piñera se viu forçado a convocar uma Assembleia Constituinte.

Fonte: Revista Oeste

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