Vírus zumbis ‘ressuscitam’ depois de 50 mil anos

Antigos patógenos de grande risco podem ‘voltar à vida’

Perto do Rio Kolyma, na Rússia, um virologista descobriu que vírus zumbis “ressuscitaram” cerca de 50 mil anos depois de sua última aparição.

O especialista Jean-Michel Claverie passou por volta de duas semanas nas margens lamacentas do rio. As descobertas podem estar relacionadas aos fenômenos de “aquecimento global”.

Claverie estuda por mais de uma década “vírus gigantes”, semelhantes aos quase 50 mil anos encontrados nas camadas profundas do permafrost (tipo de solo congelado formado na região do Ártico) siberiano.

A Terra já está 1,2°C mais quente do que na era pré-industrial. Os patógenos dormentes, com o derretimento do permafrost da região, é um perigo “menos explorado”.

Perigo de patógenos como os vírus zumbis podem voltar

Em 2022, a equipe de Claverie revelou que eles extraíram diversos vírus antigos do permafrost, todos os quais permaneceram infecciosos.

“Com a mudança climática, estamos acostumados a pensar nos perigos vindos do sul”, disse Claverie, em referência à disseminação de doenças transmitidas por vetores de regiões tropicais mais quentes.

“Agora, percebemos que pode haver algum perigo vindo do norte, à medida que o permafrost descongela e libera micróbios, bactérias e vírus”, acrescentou o pesquisador.

Outras patologias que podem voltar

Em julho deste ano, outro grupo separado de cientistas descobriu que organismos multicelulares poderiam sobreviver às condições do permafrost, em um estado metabólico inativo, chamado criptobiose.

A equipe conseguiu reanimar uma lombriga de 46 mil anos do permafrost siberiano, depois de a reidratarem.

“É fundamental do ponto de vista de que podemos interromper a vida e depois reiniciá-la”, disse o professor emérito Teymuras Kurzchalia, do Instituto Max Planck de Biologia Celular e Genética Molecular.

“Isso significa que é inato para alguns organismos vivos diminuir ou suspender de alguma forma os processos metabólicos”, explica Kurzchalia.

Diversas agências de saúde globais e governos têm monitorado doenças infecciosas desconhecidas, contra as quais os humanos não teriam imunidade nem terapias que conseguissem combatê-las.

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