Veja como é produzida a uva-passa; ingrediente que gera discórdia na ceia de Natal

Embora o ingrediente não seja uma unanimidade, a uva-passa está presente em diversos pratos de fim de ano como o arroz, panetone, farofa, salpicão e outros diversos. Mesmo o ítem gerando um pouco de discordância nas famílias, a discussão é um sinal que a fruta seca é muito popular no Brasil, embora não exista quase nenhuma produção no país devido ao alto custo de produção.

O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Reginaldo Teodoro de Souza destaca que “Temos apenas pequenas produções feitas por poucas pessoas”, pontuando que praticamente tudo que é consumido no Brasil de uva-passa vem de fora.

No período entre janeiro a novembro de 2021, o país comprou o equivalente a 20,3 milhões de toneladas de uva-passa, no valor de US$ 28,8 milhões, de acordo com o Ministério da Agricultura. Além disso, a produção no Brasil é tão pequena que o órgão não tem dados da produção interna.

Souza destaca que a produção é custosa porque envolve etapas delicadas: “Você precisar colher a uva madura, como se você fosse consumi-la para a mesa. Isso garante a qualidade, a doçura, o sabor. Se você colher antes, por exemplo, ela fica ácida”, afirma Souza.

Ele também explica que a uva-passa possui as mesmas propriedades e benefícios nutricionais de uma uva fresca, no entanto “A única diferença é que ela é desidratada, perde água”, pois após a secagem, a uva-passa fica apenas com 33% do seu peso inicial.

Entre os principais benefícios nutricionais já investigados da uva-passa são a contribuição na ajuda prevenção do câncer, Alzheimer, Parkinson e demência. Curiosamente, a fruta seca chega a ser até mais benéfica do que a versão não desidratada.

Formas de produção

Existem duas maneiras de secar as uvas para a produção da uva-passa: uma delas é deixando as uvas expostas ao sol, de forma idêntica ao processo de secagem do café em terreiro. Já a segunda envolve a secagem em fornos.

Souza explica que o Brasil possui desvantagens para produzir em larga escala por meio dessas duas formas, na comparação com os principais países produtores porque em relação a primeira técnica, que envolve a secagem natural, “A condição climática ideal é a desértica, que tem temperatura bastante elevada e umidade muito baixa, o que garante uma boa e rápida secagem das uvas” explica. Ele tambem detalha que é justamente o fator climático que faz a Turquia ser um dos maiores produtores de uva-passa do mundo.

Já em relação a segunda alternativa, a secagem das uvas em fornos, o especialista detalha que o elevado custo de energia elétrica no Brasil torna essa opção praticamente inviável, por enquanto: “O que acontece é que a uva-passa importada chega bem mais barata aqui. Se a gente for colocar o custo com a secagem no preço (da uva-passa) ela fica muito mais cara do que comprar de fora. A Turquia, por exemplo, consegue produzir em grande quantidade e com custo baixo “, diz o pesquisador.

Neste segundo processo de fabricação, antes de entrar nos equipamentos, as uvas são lavadas e recebem um produto que retira a oleosidade da casca para auxiliar a fruta a desidratar mais rápido. Depois disso, as uvas são colocadas em bandejas e seguem para os fornos.

Já no forno, o processo de secagem no forno leva cerca de 90 dias. Após esse processo, tanto as uvas-passas secadas ao sol, quanto as desidratadas nos fornos, são lavadas, centrifugadas, selecionadas e comercializadas.

Com informações do G1

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