A ex-ministra acrescentou que as associações de classe “estão empenhadas em reivindicar privilégios” para aumentar o salário dos magistrados
A ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Eliana Calmon, magistrada aposentada, mas extremamente respeitada, resolveu quebrar o silêncio em críticas contundentes a políticos e magistrados.
Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, a ex-ministra, que hoje atua como advogada, censurou o ativismo, os privilégios e o corporativismo da classe.
Eliana comentou diversos assuntos delicados para os integrantes do Judiciário, como o recente retorno do quinquênio por uma “canetada” do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a tolerância do Senado Federal, que não cumpre a finalidade de fiscalizar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
“(…) Trata-se de uma decisão em causa própria, mas que tem respaldo na Loman (Lei Orgânica da Magistratura), e a Associação dos Juízes Federais (Ajufe) tem competência, sim, para pleitear o benefício. O erro está no efeito retroativo da decisão administrativa da decisão do CNJ, a partir de 2006, quando foi extinto o quinquênio pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Este efeito retroativo impõe o pagamento de valores desde a extinção do benefício”.
A ex-ministra acrescentou que as associações de classe “estão empenhadas em reivindicar privilégios” para aumentar o salário dos magistrados.
“É uma postura pobre porque não discute, por exemplo, melhoria institucional”.
Em seguida, ela destacou o que acha do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
“Hoje, vemos um Senado fraco que decide de acordo com interesses em comum, no que chamamos jocosamente em um “toma lá, da cá”, o que tem agredido a Nação como um todo, o que lamento como cidadã”.
Eliana também esclareceu o que acha sobre a aproximação do presidente eleito, Lula (PT), com a Suprema Corte e opinou sobre como será a gestão petista nos próximos anos.
“À princípio, o Executivo dará as mãos à Corte maior do Judiciário, que fala sozinha sobre todo o Poder. Mas, com o tempo, fortalecendo-se, (Lula) passará a mostrar as garras ao parceiro”.
E acrescentou:
“(…) Eu estou achando que eles (PT) estão muito agressivos. Vão fazer um governo bem mais acintoso”.