O protesto ocorreu ontem na capital Buenos Aires e em outras cidades como Córdoba, Tucumán e Rosário
Trabalhadores rurais fizeram um tratoraço pelas ruas da capital argentina, Buenos Aires, no sábado 23. Eles pressionam o presidente do país, Alberto Fernández, contra o excesso de tributos para a produção do campo.
“Todos os argentinos têm um motivo para fazer parte do protesto rural porque se as coisas derem errado para o campo, o país vai dar errado”, disse Sol Domínguez Quijano, 27 anos, ao jornal Clarin. “Os cidadãos lá fora não sabem o quanto o campo contribui e que o Estado hoje fica com mais de 70% do nosso lucro”.
Cerca de 30 tratores e centenas de carros, motocicletas e outros veículos participaram do protesto. A caravana avançou pelas avenidas da zona norte da capital até chegar em frente à Casa Rosada, sede do governo federal. No ponto final, mais de mil pessoas estavam reunidas para o ato de protesto, que se espalhou por outras cidades do país, como Córdoba, Tucumán e Rosário.
“É hora de nós produtores assumirmos a liderança porque isso não é mais suportável: ou abaixamos os braços e observamos o que acontece ou saímos para protestar para nos fazer ouvir”, disse Vito Reigenborn, pecuarista. “Estamos colocando o país nos ombros e a classe política está pendurada em cima de todo o peso que já temos, é hora da classe política fazer um esforço e nos libertar um pouco, nos deixar tomar ar para poder produzir”.
O tratoraço na Argentina ocorre em um momento em que país enfrenta uma severa inflação. Em março, o acumulado de 12 meses superou 55%, segundo os dados oficiais.
Ainda assim, o governo de Fernández questiona a insatisfação. “Não temos dúvidas de que esta é uma marcha absolutamente política e que tem a ver com outros interesses que não a defesa dos direitos legítimos dos agricultores no campo”, comentou Gabriela Cerruti, porta-voz presidencial, em entrevista coletiva na sexta-feira 22.