Sinais visuais ajudam a diagnosticar câncer no olho que filha de Leifert trata

Saiba mais sobre os sinais visuais para diagnosticar retinoblastoma

O apresentador Tiago Leifert e a esposa, a jornalista Daiana Garbin, revelaram neste sábado (29) que a filha de ambos, Lua, tem retinoblastoma, um tipo raro de câncer nos olhos. Muito reservados quanto a vida pessoal, os dois contaram optaram por falar publicamente sobre o assunto para alertar outros pais quanto a necessidade de um diagnóstico precoce da doença.

AnaMaria Digital conversou com a oftalmologista Ione Alexim, do Instituto de Ciências Neurológicas (ICNE), atrás de mais informações sobre a doença. De acordo com a médica, o retinoblastoma é o tumor intraocular mais comum da infância, acometendo um a cada 14 mil nascidos vivos. Com isso, espera-se que surjam cerca de 8 mil novos casos no mundo a cada ano, sendo 400 deles no Brasil.

A doença apresenta duas formas diferentes: bilateral e unilateral. A primeira também é conhecida como multifocal, e responsável por 40% dos casos. Também é a mais precoce, pois surge antes do primeiro ano de vida. “O gene da doença é herdado de um dos genitores biológicos – em 25% dos casos – ou ser resultado de uma mutação nova – em 75% dos casos”, ressalta a especialista.

“Já a segunda forma, a mais comum do retinoblastoma, é a unilateral [quando pega apenas um olhinho, sendo chamada de unifocal] e responsável por 60% dos casos, ou a maioria”, diz Ione. A especialista ressalta que a apresentação clínica é mais tardia, em torno do 2º ou 3º ano de vida. Vale destacar que a doença pode afetar ambos os sexos de maneira semelhante.

NO QUE PRESTAR ATENÇÃO?

Um dos sinais iniciais mais frequentes, em 70% dos casos, é a alteração do reflexo vermelho, a leococoria, geralmente observada quando os pais tiram fotos da criança e o reflexo na pupila fica esbranquiçado no olho afetado, em vez de ficar vermelho como no olho sadio. No entanto, também é importante ficar atento quanto ao surgimento de outros sinais, tais como:
Surgimento de estrabismo, ou o popular “olho torto”;
Alterações no comportamento visual da criança, como notar algum movimento diferente de cabeça, na tentativa de enxergar melhor;
Notar movimento repetitivo dos olhos, de um jeito que ela não fazia antes;
Aumento do globo ocular.

“Qualquer alteração no comportamento visual da criança deve ser valorizada, devendo os responsáveis procurar um oftamologista o quanto antes”, ressalta Ione Alexim.

COMO FUNCIONA O TRATAMENTO?

Ele está diretamente relacionado com a fase da doença em que foi feito o diagnóstico, além de uma avaliação da extensão da problema e do tamanho do paciente.

“Basicamente, temos dois cenários distintos. O primeiro ocorre quando há a possibilidade de preservar o globo ocular e, consequentemente, a visão dessa criança. Já quando o diagnóstico é feito em uma fase mais tardia, perde-se a chance de preservar o globo ocular, e o objetivo do tratamento passa ser salvar a vida do paciente”, explica a oftamologista.

Ela ressalta ainda que o tratamento é longo, multimodal e sendo de suma importância a multidisciplinalidade. “Ou seja: essa criança precisa ser acompanhada por oncologistas pediátricos, patologistas, radiologistas, radioterapeutas, entre outros profissionais”, conta.

Os tratamentos, porém, dependem do estágio da doença. No caso de Lua, Tiago Leifert e Daiana Garbin contaram que ela está passando por uma quimioterapia localizada, intraarterial. Isso significa que os especialistas injetam a droga quimioterápica diretamente onde está o tumor. Isso diminui os efeitos colaterais do tratamento, e ainda traz bons resultados quanto a preservação do olho, esclarece a médica: “Quando não é mais possível manter a visão, pode ser indicada a retirada desse globo ocular, pois não existe outra possibilidade de tratamento.”

FIQUE DE OLHO

Exatamente por isso, é importante ficar sempre atento na saúde ocular da criança. Isso porque, quanto mais cedo buscar ajuda, melhor, pois a resposta aos tratamentos aumenta. “Ou seja: a perspectiva de cura vai depender de qual fase da doença foi feito o diagnóstico”, ressalta Ione.

Em um mundo ideal, o correto seria que a criança fosse avaliada ainda na maternidade, com o teste do reflexo vermelho. Se não for possível, a especialista indica que essa primeira avaliação oftalmológica seja feita ainda na primeira consulta com o pediatra [ou oftamologista] após a saída da maternidade.

Tente repetir essa avaliação até o final do primeiro ano de vida e, depois, por volta dos três anos de idade, ou no início da idade escolar. Depois, leve o pequeno uma vez por ano ao médico para avaliação, por toda a vida. “Se as pessoas tivessem acesso a essas avaliações do jeito que a gente preconiza, elas seriam diagnosticadas mais cedo e teriam uma maior chance de cura”, ressalta Ione.

VEJA O DEPOIMENTO DE DAIANA GARBIN E TIAGO LEIFERT

Fonte: Revista Ana Maria

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