Secretário de Governo de SP emplacou correligionário no Ministério da Agricultura
Com bom trânsito entre os partidos políticos, desde o PSDB até o PT, o secretário de Governo do Estado de São Paulo, Gilberto Kassab, está emplacando aliados de seu partido, o PSD, no governo Lula.
Sempre próximo dos governos, Kassab — ex-ministro de Dilma Rousseff e de Michel Temer e ex-secretário de João Doria — conseguiu um cargo para o ex-deputado federal Guilherme Campos no Ministério da Agricultura, pasta comandada por Carlos Fávaro, filiado à legenda. Campos assumiu, no começo do mês a superintendência do ministério em São Paulo.
O jornal O Estado de S. Paulo informa em reportagem publicada na edição desta quarta-feira, 19, que outro ex-deputado federal do PSD — Walter Ioshi — também pode ganhar um cargo na gestão Lula.
Ioshi assumiria um posto em um dos três ministérios do partido de Kassab, que, além da Agricultura, comanda Minas e Energia, com Alexandre Silveira, e Pesca, com André de Paula. Além dos dois, afirma o Estadão, há outras figuras, como suplentes de deputados, que aguardam em uma espécie de “fila interna da sigla” para ocupar posições.
Campos não conseguiu se reeleger em 2022 e passou mais de seis meses à espera de uma nomeação no governo de Tarcísio de Freitas sem ser contemplado. Chegou a ser cotado como superintendente do Sebrae de São Paulo, mas a tentativa foi abortada depois que membros do órgão reclamaram de interferência política, e para a Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp).
Nesse último caso, a nomeação esbarrou nas restrições impostas pela Lei das Estatais, que veda políticos nas diretorias ou no conselho das empresas públicas. Posteriormente, a pedido do PCdoB, partido aliado de Lula, o então ministro Ricardo Lewandowski, com liminar concedida em março, suspendeu trecho da lei e permitiu nomeações políticas.
Segundo o Estadão, fontes do Palácio dos Bandeirantes atribuem a iniciativa de Kassab a um desgaste com o secretário da Casa Civil, Arthur Lima, conhecido por vetar indicações políticas de partidos da base.
Apesar disso, auxiliares de Lima e de Kassab negam que a nomeação de Campos ao governo de Lula esteja relacionada a qualquer atrito entre eles, observa o jornal. Integrantes da Casa Civil dizem seguir critérios “estritamente técnicos” nas indicações. Afirmam ainda que o nome de Campos não chegou à pasta e, portanto, não foi debatido internamente.
Já Kassab explicou ao Estadão que “Campos foi convidado pelo ministro da Agricultura, que é filiado ao PSD, e terá grande êxito neste desafio, como nos outros cargos que ocupou”.