Segundo a Abin, o órgão era alertado desde 6 de janeiro
A Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial (SCP), subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), informou que, no dia 7 de janeiro, não sabia da possibilidade de manifestações violentas ou de risco de depredação a prédios públicos em Brasília.
A informação consta em um documento enviado pelo GSI à CPMI do 8 de janeiro, obtido pela Revista Oeste. Segundo o ofício, em 6 de janeiro, a secretaria solicitou ao Comando Militar do Planalto (CMP) que as organizações militares escaladas para reforço mantivessem seus efetivos preparados para 7, 8 e 9 de janeiro — se fossem acionadas pelos órgãos de inteligência.
“Não tínhamos informação alguma de que pudessem ocorrer manifestações de caráter violentos, com riscos de depredação de prédios públicos, na Praça dos Três Poderes, não justificando, assim, a manutenção das tropas em reforço no Palácio do Planalto“, diz o documento.
A informação enviada à CPMI não bate com a cronologia daquele final de semana. Agência Brasileira de Inteligência (Abin) recebeu 11 alertas desde 6 de janeiro até o início dos ataques. Os informes foram enviados via WhatsApp ao então ministro do GSI, general Gonçalves Dias.
Às 19h40 do dia 6, o primeiro alerta foi enviado, via WhatsApp, a membros do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) e da Célula Integrada de Inteligência de Segurança Pública do DF. Além de G.Dias, os destinatários do grupo foram 13 órgãos. O aviso já mencionava o “risco de ações violentas contra edifícios públicos e autoridades”.
No dia 8 de janeiro, foram mais três alarmes. Às 9 horas, a Abin comunica: “Após uma discussão acalorada entre os acampados, ficou decidido que os manifestantes partirão em marcha para a Esplanada às 13h”. Outros três avisos foram realizados antes de o grupo romper a barreira da polícia.
Conforme a SCP, às 11:55h do dia 8, a secretaria foi informada da marcha dos manifestantes — que estavam no acampamento em frente ao quartel-general, em Brasília –, para a Esplanada dos Ministérios. Até às 12h50 do dia 8, porém, a SCP afirma que “não haviam indícios de manifestações violentas”.
“Acionamos 33 agentes orgânicos e um pelotão de choque com 38 militares para reforço na tropa de serviço; O pelotão se apresentou no Palácio do Planalto por volta das 12h50. Ressalte-se que não havia, no momento, indícios de manifestações violentas“, informou.
A secretaria do GSI, no entanto, destacou que, antes do início da marcha, já havia um pelotão posicionado nas instalações presidenciais e outra tropa no Batalhão da Guarda Presidencial (BGP).
“A manifestação aparentava estar controlada e conduzida de maneira pacífica pela Polícia Militar do Distrito Federal”, salientou o SCP. Conforme a Abin, às 15 horas, os manifestantes furaram o bloqueio da polícia e foram em direção ao Congresso Nacional.
Cerca de dez minutos depois, a Casa Legislativa começou a ser depredada. Às 15h50, o Palácio do Planalto foi invadido e, cinco minutos depois, o Supremo Tribunal Federal foi vandalizado. O efetivo convocado não conteve os manifestantes.
A tropa do BGP foi acionada logo após os vândalos furarem a barreira da polícia, segundo a SCP. Eles teriam chegado ao Planalto às 15h40. A invasão ao Planalto teria acontecido em razão da “superioridade numérica” dos depredadores em relação aos agentes de segurança, diz a secretaria.
“Foi acionada uma fração de 124 militares que chegou ao Planalto por volta das 16h40”, concluiu o órgão. “Outras tropas em reforço, de 166 militares, chegaram em torno de 17h15, finalizando a retomada das instalações e a prisão dos invasores.”