Roteirista oferece emprego apenas para pretas ou indígenas

‘Não estou tirando as chances de ninguém’, disse a contratante

A podcaster e roteirista Déia Freitas abriu um processo seletivo feminino para oferecer emprego apenas para pretas ou indígenas. O caso gerou polêmica nas redes sociais devido ao edital não contemplar homens, além de brancos.

Segundo a contratante, a iniciativa não é preconceituosa, mas sim uma forma de dar chances a pessoas invisíveis na sociedade, segundo a mulher. Ela garante que a iniciativa vai continuar, apesar das críticas que recebeu na internet.

“Não tem cabimento isso. Por que eu tenho que abrir essa vaga para pessoas brancas?”, disse Déia, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada na terça-feira 11. “Não estou tirando as chances de ninguém”.

Repercussão do emprego apenas para pretas ou indígenas

Sem explicar por que, menos de 24 horas depois de anunciar a vaga, Déia afirmou que perdeu acesso ao e-mail destinado a receber currículos. Conforme ela, havia aproximadamente 60 pessoas aguardando ser chamadas.

A vaga anunciada pela podcaster é para assistente de roteiro. O contrato de quatro meses previa uma remuneração de R$ 22 mil, pagos em parcelas de R$ 5 mil, mais um bônus de R$ 2 mil ao fim do contrato.

O anúncio de Déia se destinava a: “Mulheres cis (que nasceram do sexo feminino), mulheres trans, travesti”; “somente pretas, pardas e indígenas”. Também dizia: “a vaga contempla também mulheres com deficiência” e “pode mãe solo, pode casada, pode solteira, pode tico-tico no fubá, pode hétero, pode lésbica, pode bi, pode tudo, isso não é importante para a vaga”.

As críticas ao perfil do candidato que ela buscava para a vaga não veio de conservadores, segundo Déia. “Vêm de pessoas brancas aparentemente do mesmo lado que eu”, observou. “Meu post foi parar até em grupo de feministas radicais, que me acusaram de querer contratar homens, em referência ao fato de o anúncio dar prioridade a travestis e mulheres trans”.

Outros casos

Em setembro de 2020, o Magazine Luiza causou polêmica ao anunciar que só aceitaria candidatos negros em seu programa de trainees de 2021. A decisão da empresa abriu um disputa entre os que elogiam a medida e aqueles que acusam a Magalu de “racismo reverso” com brancos.

A juíza do Trabalho Ana Luiza Fischer Teixeira de Souza Mendonça escreveu em seu perfil no Twitter: “Discriminação na contratação em razão da cor da pele: inadmissível”. “Na minha Constituição, isso ainda é proibido”, prosseguiu a juíza, ao responder um comentário feito na publicação.

Fonte: Revista Oeste

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