Movimento Invasão Zero diz que não age armado e que ideia é pressionar grupos que invadem propriedades
Um grupo de pelo menos 10 mil proprietários de terra na Bahia resolveu monitorar áreas para se proteger da ação de grupos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que recentemente tem promovido invasão de terras. De acordo com uma reportagem do site Gazeta do Povo, o Movimento Invasão Zero, como a iniciativa é chamada, está distribuído em 200 cidades.
Criado em abril, o movimento alega que estaria sofrendo com a insegurança no meio rural e com a falta de ações do governo baiano para impedir as invasões. Na época em que a iniciativa foi pensada, o estado sofria com uma escalada no número de invasões, entre elas a de três fazendas da Suzano Papel e Celulose nos municípios de Teixeira de Freitas, Mucuri e Caravelas.
O Invasão Zero, que atua hoje organizado em 16 núcleos, foi planejado de forma espontânea e organizado pelo WhatsApp. O movimento diz que não age armado e que a ideia, na verdade, é pressionar os movimentos que invadem as propriedades rurais. Para isso, a iniciativa diz que mobiliza grupos maiores que o dos invasores.
“Qualquer movimentação diferente perto das propriedades, nós ficamos sabendo. Se identificamos alguma ameaça, nos mobilizamos, avisamos a polícia e vamos até o local. Mas é tudo pacífico, não existem armas, nós fazemos pressão e pedimos que os invasores se retirem. Agora, se eles são 50, nós somos 300”, disse Luiz Uaquim, líder do Invasão Zero.
Ao Gazeta do Povo, Uaquim também relatou um episódio em que um casal, produtor de cacau em uma área com 23 hectares, foi surpreendido com invasores querendo duas casas que ficam na propriedade. De acordo com o líder do Invasão Zero, a polícia chegou a ser acionada, mas disse que não iria ao local.
“A esposa pediu que eles se afastassem, mas quando nós chegamos, eles estavam lá. E eles dizem que não invadem fazenda abaixo de 70 hectares. A gente chegou, foi cercando e dizendo: “Sai, sai, bora, vai saindo por favor, isso aqui não é seu”. Eu fui na polícia antes e o major disse que não ia lá. É uma coisa tão absurda que você chega a imaginar que estamos num estado de exceção, não num estado democrático de direito”, detalhou.
Questionada pelo veículo sobre as acusações de omissão diante das invasões, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP) respondeu que “as forças estaduais de segurança atuam sempre buscando prevenir qualquer tipo de ocupação. Em alguns casos, com diálogos mediados por policiais militares e civis, os imóveis são desocupados, sem a necessidade de determinação judicial”.