Ailton Benedito afirmou que Tedros Adhanom é um “serviçal da China”
O procurador da República Ailton Benedito de Souza entrou na mira do Conselho Nacional do Ministério Público na terça-feira 23. O órgão decidiu abrir uma ação com a finalidade de investigar a conduta dele.
Em março do ano passado, Benedito afirmou que o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, está a serviço da China. “Eis a ditadura comunista em ação, ela que usa um serviçal de modo a comandar a OMS, que governadores e prefeitos no Brasil estão invocando como fundamento para impor ditaduras estaduais e municipais às respectivas populações, violentando a Constituição e a Lei 13.979/20”, escreveu o procurador à época, nas redes sociais. O processo, agora, será distribuído para um relator. Entre as sanções possíveis, estão: advertência; censura; suspensão; demissão ou a cassação de aposentadoria de Ailton Benedito.
Quem é Tedros Adhanom
Conhecido como Dr. Tedros, o primeiro africano a dirigir a OMS chegou ao cargo depois de uma longa carreira política como ministro da Saúde (2005-2012) e das Relações Exteriores (2012-2106) na Etiópia. Sua trajetória no governo começou sob o comando de Meles Zenawi, o ex-guerrilheiro que assumiu o poder em 1991 e conduziu o país por mais de vinte anos, até sua morte, causada por um tumor no cérebro, em 2012.
Zenawi foi acusado de violações dos direitos humanos, fraudes eleitorais, além de perseguir, prender e ordenar a morte de opositores. A eleição de Tedros para o comando da OMS, que venceu o britânico David Nabarro, foi apoiada pelo governo chinês, o segundo maior patrocinador da organização depois dos Estados Unidos. A campanha despertou críticas de que a pressão de Pequim teria sido decisiva e pouco ortodoxa, especialmente na conquista de votos dos países pobres.