Um protótipo de celular da Motorola fez a primeira ligação em 1973 sem precisar de fios, operador telefônico e um carro
Nesta segunda-feira (3) comemoramos os 50 anos da primeira ligação feita a partir de um telefone móvel, o celular. O aparelho responsável pela façanha foi um protótipo do DynaTAC 8000X, que só foi lançado comercialmente 10 anos depois e pesava 1,4 quilo no seu bolso.
Se você reclama dos 170 ou 200 gramas de um smartphone recente, saiba que o primeiro celular do mundo tinha peso quase nove vezes maior. Ele era o DynaTAC 8000X da Motorola e que fez a primeira ligação telefônica no dia 3 de abril de 1973, finalmente liberando o telefone móvel dos carros.
Sim, ter telefone portátil significava estar dentro de um carro que era capaz de levar toda a energia e equipamentos necessários para você avisar que estava chegando em casa. O hardware para a chamada acontecer precisava ficar guardado no porta-malas, pesava quase 14 quilos e isso nem envolvia a antena, instalada separadamente.
A primeira ligação sem ter um carro por perto como suporte aconteceu pelas mãos e voz de Martin Cooper, engenheiro eletroeletrônico que trabalhava na Motorola e que ficou conhecido como “Pai do celular”. Ele ligou para uma pessoa da operadora americana AT&T, para dizer que conseguiu fazer a chamada sem precisar de um operador no meio das duas pontas, sem utilizar fios e nem um veículo para isso tudo.
A ligação tem efeito de concorrência, pois a AT&T também trabalhava, com ajuda da Bell Labs, em uma solução para tirar o telefone móvel do carro e levá-lo para o bolso ou mochila das pessoas. Cooper ligou para dizer que fez primeiro.
DynaTAC 8000X é o tijolão raiz
Voltando para o DynaTAC 8000X, o primeiro celular do mundo só foi lançado 10 anos depois da primeira ligação telefônica em um aparelho portátil. Ele praticamente pegou todos os componentes necessários para a ligação a partir de um carro e fez o peso perder um dígito, colocando a vírgula para a esquerda.
Foi de 13,6 quilos para 1,4 kg e agora sem depender da bateria do carro para a ligação acontecer. O DynaTAC 8000X tinha sua própria fonte de energia, capaz de segurar uma conversa por cerca de 30 minutos. O aparelho poderia receber sinal das antenas por pouco mais de 8 horas e na tomada ele precisava de 10 horas para uma carga completa.
DynaTAC 8000X da Motorola
Chamamos este tempo de operação de standby e isso significa que a linha está disponível para quem quiser ligar para ela, mas com a tela desligada e o aparelho sem uso direto. Como comparação, um Galaxy S21 consegue segurar cerca de 320 horas neste modo, ou quase 14 dias – 32 vezes mais tempo que o DynaTAC 8000X.
A bateria realmente entregava pouca autonomia, mas eu te desafio segurar 1,4 quilo em uma mão por 30 minutos. Não será uma experiência confortável, ainda mais na rua enquanto você caminha de um ponto para outro.
Por dentro estavam 30 placas de circuito, fazendo o celular ter 25 centímetros de altura e a espessura necessária para empilhar cerca de 10 celulares lançados nos últimos três anos.
Primeiro celular para venda era menos pesado
Por sorte a Motorola teve tempo para desenvolver o DynaTAC 8000X depois da primeira ligação: foram 10 anos de trabalho e que deram resultado interessante. O peso saiu de 1,4 para 1,1 quilo, o celular recebeu uma telinha no topo para que o usuário pudesse ver o número discado antes de realizar a ligação e também guardar 30 números de telefone na memória.
Por outro lado, a bateria não evoluiu muito e as dimensões subiram. A autonomia ainda beirava meia hora de conversa e o conjunto inteiro agora marcava 33 centímetros de altura. Para você ter uma ideia, o maior iPad disponível para venda no mundo tem 12,9 polegadas de tela e ele marca 28 centímetros de altura – o DynaTAC 8000X era maior.
A evolução dos celulares foi tão acentuada naquela época, ao ponto da Motorola precisar de apenas seis anos para lançar o sucessor deste aparelho, com o MicroTAC 9800X. Ele saiu de 1,1 quilo para cerca de 350 gramas e espremeu os componentes, incluindo a bateria, em um corpo que realmente cabe no bolso – daqueles grandes, mas agora cabe!
