O político é acusado de chefiar uma quadrilha que rouba dinheiro de obras de públicas
A procuradora-geral do Peru, Patrícia Benavides, apresentou a chamada queixa constitucional contra o presidente Pedro Castillo. A peça jurídica foi anunciada na quinta-feira 11 e pode suspender o mandato do político.
“Encontramos indícios muito sérios de uma organização criminosa que se enraizou no governo”, declarou Patrícia. “A partir deste momento é responsabilidade exclusiva do Congresso da República decidir sobre o processamento da reclamação constitucional no âmbito da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção”, acrescentou a procuradora, depois da apresentação da denúncia constitucional.
Com a ação, ocorre a abertura de uma nova batalha legal que pode depor o atual presidente de esquerda. Castillo já enfrenta cinco investigações criminais para averiguar a denúncia do uso da Presidência para se beneficiar.
Como tramita o precessão
Nos próximos dias, os deputados vão debater o documento em duas comissões parlamentares antes de o assunto chegar ao plenário. De acordo com o jornal o Estado de S. Paulo, um relator será designado. Nessa etapa são ouvidos os argumentos da acusação e da defesa. Depois, os deputados votam o pedido, o resultado determina se o mandato do presidente Castillo será suspenso. São necessários 66 de 130 votos para a suspensão.
O político esquerdista sobreviveu a duas tentativas de impeachment em pouco mais de um ano no cargo. Porém, a aliança de esquerda que o apoia no Congresso tem apenas um terço das cadeiras — quantidade insuficiente para barrar a suspensão.
Além do presidente peruano, dois ex-ministros do atual governo foram acusados de tráfico de influência. São eles: Juan Silva, ex-chefe de Transportes e Comunicações, e Geiner Alvarado, ex-chefe da Habitação.
O atual presidente do Peru chamou a queixa constitucional e as buscas e detenções que visavam aliados de “golpe de Estado” orquestrado pelo gabinete da procuradora-geral.
Acusações
A Procuradoria do Peru acusa Castillo de dirigir uma rede de corrupção de lavagem de dinheiro e concessão de empreitadas de obras públicas. A quadrilha é composta do meio familiar do político, além dele próprio.
Ele, entretanto, nega a existência dos crimes e alega ser vítima de uma campanha para tirá-lo do poder. Desde que assumiu o cargo, há 15 meses, ele acumula seis inquéritos, sendo o primeiro presidente peruano a ser denunciado no exercício do cargo.
Yenifer Paredes, cunhada do presidente peruano, cumpre 30 meses de prisão preventiva, por ter sido acusada de fazer parte dessa rede. Lilia Paredes, primeira-dama, e Walter e David, irmãos do político, também estão sob investigação e enfrentam um pedido de proibição de deixar o país por três anos.