O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, está evitando encaminhar ao Palácio do Planalto o comunicado oficial de que o ministro Marco Aurélio Mello, como todos já sabem, se aposenta em 5 de julho. A intenção do Supremo, aparentemente, sem motivo, é impedir que o presidente Jair Bolsonaro indique o substituto com o atual titular ainda na cadeira.
Na prática, mesmo que Bolsonaro revelasse aos quatro cantos da Terra – o que ele não fez e já foi questionado sobre isso várias vezes – não mudaria muita coisa. Mas, ministros do STF, sempre muito críticos com o chefe do Executivo, veem muitos chifres em cabeça de bode e acham que o fato do presidente indicar o sucessor de Marco Aurélio seria uma forma de, supostamente, pressionar a Corte e seus integrantes.
A preocupação do Supremo sobre o caso é um tanto exagerada demais para situação tão simplória. Em outubro de 2020, por exemplo, quando o ex-ministro do STF, Celso de Mello, anunciou que se aposentaria naquele mês, Bolsonaro só “ousou” anunciar o seu indicado (Kássio Marques Nunes) duas semanas antes da saída do ex-integrantes da Corte. Mesmo com prazo tão próximo ao dia da aposentadoria de Mello, o presidente ainda teve que escutar duras críticas a esse respeito.