Jornal teve acesso a troca de mensagens entre funcionários do ministro
A Folha de S.Paulo teve acesso a uma troca de mensagens que mostra que um órgão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acessou dados sigilosos da polícia de São Paulo após um pedido informal feito por Wellington Macedo, segurança do ministro Alexandre de Moraes, ao então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, Eduardo Tagliaferro.
As conversas foram trocadas em 21 de agosto de 2022 e mostram Macedo solicitando a Tagliaferro a apuração de ameaças recebidas por Moraes e seus familiares, incluindo o vazamento de dados pessoais. Em resposta, Tagliaferro afirmou que havia levantado informações sigilosas com a ajuda de um policial civil de São Paulo “de sua extrema confiança” e pediu que sua identidade fosse mantida em sigilo.
“O nome dele fica somente entre nós”, disse Macedo em uma das mensagens.
Além disso, Macedo pediu repetidamente que Tagliaferro levantasse informações sobre números de telefone e indivíduos que fizeram ameaças. Em uma das trocas, Macedo escreveu:
“Consegue fazer aquele padrão de relatório por favor?”
Tagliaferro respondeu: “Claro. Assim envio ao ministro e ele manda para instaurar inquérito como fez com o anterior”.
As mensagens revelam um uso informal do órgão do TSE para investigações que, formalmente, não seriam de sua competência. Tagliaferro, em suas respostas, afirmou que estava “levantando” as informações e, em várias ocasiões, enviou relatórios ao segurança de Moraes.
“Vou verificar e lhe passo”, disse Tagliaferro ao receber um dos pedidos de Macedo.
O gabinete de Moraes declarou que todos os procedimentos foram oficiais e documentados nos inquéritos em andamento no STF, com a participação da Procuradoria-Geral da República.
Procurado pela Folha, Tagliaferro afirmou que apenas cumpria ordens e que não se recorda de ter cometido ilegalidades.