Gilberto Leifert disse nunca ter se envolvido em questões que envolviam trabalho do apresentador
O publicitário Gilberto Leifert, pai do apresentador Tiago Leifert, usou as redes sociais na sexta-feira (24) para defender o filho dos comentários feitos pelo ator Ícaro Silva, que insinuou que Tiago teria obtido privilégios dentro da empresa por ser filho de um ocupante de um cargo de chefia na Globo.
Na área de comentários de uma das publicações do filho no Instagram, Gilberto, que ocupou cargo de chefia por 30 anos na Globo, disse que o “esporte preferido dos brasileiros não é o futebol. É o falar mal dos outros” e declarou que nunca interferiu no trabalho do filho.
“Jamais me meti nos assuntos que diziam respeito ao seu trabalho. Essa era a nossa regra do jogo (minha e sua) e meus pares a presumiam. Colocar o filho na telinha e expô-lo ao escrutínio diário da diretoria, do público, do mercado publicitário e da crítica não é o jeito mais suave e menos chamativo de nepotismo”, defendeu.
O pai de Tiago ainda afirmou que “já enxergava o potencial” do filho quando o apresentou à TV Gazeta aos 16 anos, ocasião em que o apresentador teve sua primeira experiência como repórter. Gilberto ainda disse para o filho não se preocupar “com quem nega nossos méritos e desmerece nossas conquistas”.
Confira o texto escrito por Gilberto, na íntegra:
“Tiago: Você talvez não goste de ver seu pai tratando deste tema em público. Mas estava na hora. Tenho setenta anos e cresci vendo a nação brasileira conviver com impunidade; negar o mérito das pessoas, suspeitar da honestidade e da integridade de quem alcança sucesso. O esporte preferido dos brasileiros não é o futebol. É o falar mal dos outros.
Por isso, foi tocante e merecida a linda homenagem que lhe foi prestada ontem pela Globo e por seus colegas do The Voice Brasil. O clip recordou sua trajetória e me senti muito feliz. Não apenas porque sou seu pai, mas porque fui seu colega. Nunca trabalhamos na mesma área. Você inicialmente numa emissora afiliada, depois no SporTV, no Jornalismo/Esporte e depois no Entretenimento. Eu no Comercial. Meus ex-colegas, que foram seus chefes, reconheceram desde logo seu talento, seu preparo e dedicação.
Na estrutura da Globo em que trabalhei por longos trinta anos os diretores sempre tiveram autonomia para contratar e demitir… na própria área. Aliás, jamais me meti nos assuntos que diziam respeito ao seu trabalho. Essa era a nossa regra do jogo (minha e sua) e meus pares a presumiam. Eu jamais poderia contratar alguém para o Jornalismo, por exemplo. Foram as suas qualidades que impulsionaram e sustentaram sua carreira na Globo.
Colocar o filho na telinha e expô-lo ao escrutínio diário da diretoria, do público, do mercado publicitário e da crítica não é o jeito mais suave e menos chamativo de nepotismo. Aliás, quem conhece a Globo sabe que nenhum jovem jornalista, com apenas 28 anos, “ganha” a responsabilidade e o desafio de editar o Globo Esporte de São Paulo porque é filho de um funcionário graduado. E nenhum funcionário (na ocasião eram mais de oito mil), apenas por ser filho de um diretor, “merece” a confiança de poder dizer o que bem entender? Seus chistes, suas broncas, seus discursos? Em programas líderes de audiência, transmitidos ao vivo, como o Big Brother Brasil ou substituindo o gigante Fausto Silva.
Olhando para trás, tenho certeza de ter agido corretamente ao apresentá-lo à televisão em 1996 para atuar como repórter de campo do Desafio ao Galo, sem remuneração, na TV Gazeta/SP. Você tinha dezesseis anos e eu já enxergava seu potencial, que foi desenvolvido e lapidado nos Estados Unidos. Lá, você não era “o filho do diretor da Globo” quando, por algumas vezes, seu nome foi inscrito na “Dean List” — a lista do reitor, na qual figuram os melhores alunos da Universidade de Miami.
E porque era um excelente aluno e tinha vocação, você foi estagiar no Jornalismo da National Broadcasting Company, a NBC, uma das maiores redes do mundo, onde ninguém jamais ouvira meu nome. Não é mole para um jovem brasileiro pensar, redigir e se expressar profissionalmente em outra cultura, e você tinha conseguido e da NBC veio o primeiro convite para trabalhar nos Estados Unidos, mas você preferiu voltar.
Sua mãe, sua irmã e eu também achamos ótimo tê-lo de volta, mesmo sem ter emprego em vista, mas você nos deixou novamente e foi trabalhar no interior de São Paulo, onde revelou a que tinha vindo no inesquecível [programa] VanguardaMix. Sei que não foi fácil para você chegar até aqui e que sua decisão de deixar a Globo que amamos é parte de um projeto de realização pessoal e profissional que está em pleno desenvolvimento, e que certamente será bem-sucedido.
Não se preocupe com quem nega nossos méritos e desmerece nossas conquistas. Preocupe-se, sim, defender suas crenças, ser honesto, leal, decente, generoso; bom patrão, bom amigo, bom filho, bom marido e bom pai, como, aliás, tem sido. Nossa família sente muito orgulho de você e ontem, assistindo o The Voice, me senti realizado ao ver na Globo o sobrenome Leifert associado a tantos conteúdos tratados com sensibilidade e ética. Beijo do seu admirador Gilberto.
Em tempo: sei que você tem especial fascínio pelo espaço sideral. Outro dia mandei meu currículo para o Jeff Bessos e para o Elon Musk. Se eu for contratado, vou arrumar uma boquinha de comandante de nave pra você.”
POLÊMICA ENTRE TIAGO E ÍCARO
A discussão entre o apresentador e o ator começou quando Ícaro publicou em sua conta no Twitter, na última segunda-feira (20), que não participaria da próxima edição do Big Brother Brasil (BBB) por considerar o programa um “entretenimento medíocre”.
“Gente, respeita minha história, minha trajetória, meu ódio por entretenimento medíocre e minha repulsa por dividir banheiro e parem de acreditar nessa história absurda de que eu cogitaria ir para o Big Boster Brazil”, escreveu.
Na terça-feira (21), Leifert afirmou em publicação no Instagram que Ícaro não fez uma crítica construtiva ao programa, mas um ataque gratuito a quem nunca fez mal ao ator. O apresentador chegou a dizer que o reality show “pagou o salário” do ator.
“Aliás, não só não te fizemos mal como provavelmente pagamos o seu salário nessa última aê! Achar que o que você faz é superior não é baseado em fatos, é arrogância mesmo. Nenhuma métrica é capaz de dar embasamento ao que você escreveu: Nem audiência, faturamento, repercussão, relevância, etc.”, rebateu Leifert.
Na quarta-feira (22), Ícaro voltou a falar do assunto e subiu ainda mais o tom. Ao refutar a afirmação de Tiago de que o BBB pagou seu salário, o ator disse que Leifert não conseguiria entender as dificuldades vividas por ele e insinuou que o apresentador tinha “um parente no lugar certo”.
“Eu conheci muitos garotos na minha vida que pautavam suas opiniões na lógica sistemática do dinheiro. Garotos sem nada especial. Nem talento, nem beleza, nem nada, mas que tinham a aparência e a submissão adequadas, além de um parente no lugar certo, sabe? Acho que você sabe”, disparou.