O porta-voz da ONU, Ruppert Colville, disse que algo “claramente está errado”.
– Estamos profundamente perturbados pelas mortes de 25 pessoas numa operação policial – afirmou ele durante entrevista coletiva.
Batizada de Exceptis, a operação policial deixou ao menos 25 mortos na favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, entre eles o policial civil André Frias. O governo estadual defendeu a operação e disse que a ação foi orientada por “inteligência e investigação”.
A Operação Exceptis foi iniciada a partir de denúncias de que criminosos estão expulsando moradores de suas casas. O grupo seria responsável também pelo assassinato de moradores e pelo sumiço dos corpos. De acordo com a Polícia Civil, 21 criminosos foram identificados como os “responsáveis por garantir o domínio territorial da região com utilização de armas de fogo”.
O porta-voz da ONU admitiu a existência de ações criminosas nas favelas, mas disse que “a forma de lidar com isso é com responsabilidade por parte das autoridades para garantir que a população civil, mulheres e crianças não sejam afetados”.
– O governo tem a responsabilidade de equilibrar o policiamento necessário no caso de atividades criminosas com sua responsabilidade até maior de proteger a população civil de mortes e ferimentos, além de crimes – afirmou.
A ONU ainda afirmou que é “especialmente perturbador” que a operação tenha ocorrido depois que o Supremo Tribunal Federal, em 2020, determinou limites para ações policiais nas favelas durante a pandemia da covid-19.
– Relembramos às autoridades brasileiras que o uso da violência deve ser usado apenas quando estritamente necessário e que deve sempre respeitar o princípio da legalidade, precaução e proporcionalidade – disse.