Objetivo da CPI é fazer o governo ‘sangrar’, diz Marcos Rogério

Opositores traçam estratégias para desgastar o governo Bolsonaro até as eleições de 2022

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), decidiu prorrogar o funcionamento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid por 90 dias.

A estratégia traçada por adversários de Bolsonaro para aumentar o seu desgaste não se resume, porém, apenas às investigações sobre ações e omissões no combate à pandemia. Assim que os senadores encerrarem os trabalhos desta comissão, a CPMI das Fake News será retomada.

A ideia é deixar o presidente “sangrando” até a campanha eleitoral de 2022, conforme afirmou o senador Marcos Rogério (DEM-RO), um dos integrantes da CPI da Covid. “O foco, para mim, é político-eleitoral. Eles jogaram para dentro da CPI a pré-campanha. É a antecipação de uma campanha, e não de construção de imagem. Neste caso, de desconstrução. É fazer sangrar para nivelar o jogo eleitoral para 2022”, afirmou o senador, em entrevista ao programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan, na noite de segunda-feira (12).

Ao mesmo tempo, a oposição também quer levar os militares para o centro das apurações de fraudes e de cobrança de propinas no Ministério da Saúde, que não se limitam à compra de vacinas contra o coronavírus. O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), pretende convocar o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, sob o argumento de que ele faz “ameaças diuturnas” de golpe no país.

Na outra ponta, a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara aprovou na terça-feira (13) o convite para Braga Netto explicar a nota divulgada na semana passada com críticas ao presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). O documento foi interpretado como uma “tentativa de intimidação” por Aziz, que havia criticado o “lado podre” das Forças Armadas envolvido em “falcatruas do governo” para a aquisição de vacinas, em suas palavras.

A nota assinada por Braga Netto e pelos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica incomodou os parlamentares, especialmente no trecho em que sugere atuação leviana da CPI. Ao fechar o cerco sobre os militares, a CPI avalia que atingirá Bolsonaro. Os senadores também têm compartilhado frequentemente informações com integrantes da CPMI das Fake News, que está paralisada desde que começou a pandemia, em março do ano passado.

Composta por senadores e deputados, esta comissão mista investiga uma rede de notícias falsas em torno de Bolsonaro e já teria identificado que páginas responsáveis por disseminar ataques virtuais contra parlamentares e integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) têm ligação com aliados do presidente da República. Em conversas reservadas, parlamentares das duas CPIs trocam “figurinhas” sobre os prazos. O plano prevê que a CPMI das Fake News retorne em outubro ou novembro e vá até abril ou maio de 2022.

Em mais um capítulo da crise, Omar Aziz insinuou na terça-feira (13) que a Polícia Federal (PF) estava ouvindo os nomes citados pela CPI da Covid antes mesmo da comissão. Irônico, Aziz disse que era uma “coincidência” representantes da Precisa Medicamentos, por exemplo, serem chamados pela PF antes dos depoimentos.

A corporação divulgou nota defendendo sua atuação no inquérito sobre o processo de compra da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde. No texto, a PF afirmou que a oitiva das pessoas chamadas a contribuir para a “elucidação dos fatos” não está atrelada a outras investigações em andamento sobre o caso. Observou, ainda, que o trabalho da corporação se dá “sem perseguições ou proteções de qualquer natureza”.

Com informações da AE

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