A notícia do retorno de Bolsonaro chega como um acalanto frente a tantas notícias ruins sobre a economia brasileira.
Mas, não se engane, popularidade não expressa poder em substância, e o presidente entende que realmente existe um risco ao voltar ao país.
O Bolsonarismo virou uma ameaça para o sistema, porque colocou o cidadão acima da narrativa, tornando-o um fiscalizador das ações dos três poderes, como sempre deveria ter sido. Ter esse mérito tem um preço árduo, e prender seu maior representante, é uma maneira de consolidar uma identidade negativa ao movimento que cresceu de 2017 até aqui.
Bolsonaro poderia passar mais tempo nos EUA, mas os Democratas, em conjunto com a esquerda na América do Sul, trabalham para que ele retorne, para estar sobre jurisdição do nosso poder judiciário. Aqui a coisa flui diferente, e claro que mesmo não havendo prisão, a inegibilidade é certa. Falo isso desde Novembro do ano passado.
Benedito tem 65 anos, mais ainda sonha com uma vaga no STF. Ficar marcado como o juiz que impossibilitou o retorno de Bolsonaro, vai elevar seu status, e apesar dos petistas não serem como Lannisters, algumas dívidas sempre são pagas.
Por isso Valdemar chamou Michele e Braga Neto para andar pelo Brasil. Mesmo marginalizado, o bolsonarismo se firmou como a maior força de massa na direita, e vai fazer muitos prefeitos em 2024.
Observando o PL ou o PP, percebo uma construção para que essa identidade migre para algo parecido com os movimentos de 2013, que não tinham representantes políticos, mas que eram fortes suficientes para ajudar em um impeachment na esquerda.
Se isso acontecer, todos os representantes da velha política vão sofrer, porém, até esse nível, é preciso muita política partidária, e paciência. Aos poucos as coisas voltam para seus eixos.
Política é ciclo. O que varia na verdade é o tempo de permanência dos grupos e ideologias, e a capacidade de suplantar as trocas, quando se abre a janela de oportunidades. E Lula anda ajudando muito, para que não falte oportunidade.