‘Não ponha palavras na minha boca’, diz Mendonça a Moraes durante julgamento no STF

Relator do caso acusou o ministro de sugerir que Flávio Dino seria responsável pelas depredações ocorridas no 8 de Janeiro

O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), refutou a acusação do relator Alexandre de Moraes, nesta quinta-feira, 14, segundo a qual Mendonça teria dito que Flávio Dino, da Justiça, seria o responsável pelos atos de vandalismo do 8 de Janeiro.

“É um absurdo dizer que a culpa do 8 de Janeiro é do ministro da Justiça”, disse Moraes. “Vossa Excelência vem ao plenário do STF para afirmar que houve uma conspiração do governo eleito contra o próprio governo.” “Não ponha palavras na minha boca”, rebateu Mendonça. “Não sou advogado de ninguém, nem de A ou B.”

Mendonça entendeu que o réu Aécio Pereira, cientista da computação, cometeu quatro dos cinco crimes imputados a ele. O ministro do STF, contudo, não viu “tentativa de golpe” por parte de Pereira. Dessa forma, condenou o homem a oito anos de cadeia.

Moraes, Zanin e Gilmar interrompem Mendonça

Cristiano Zanin, Moraes e Gilmar Mendes interromperam o voto de Mendonça quando ele constatava que os manifestantes do 8 de Janeiro não teriam condições de aplicar um golpe de Estado por si sós. Isso porque não possuíam meios para tal, que caberiam às Forças Armadas.

Zanin, então, inicia a primeira interpelação, sobre as intenções dos réus. Mendonça responde: “Eles não agiram para tentar depor o governo. A deposição dependeria de outra força”. 

Moraes entra em cena para discordar do voto. Mendonça aproveita para citar a falta de segurança no Palácio do Planalto, no dia da manifestação. Isso porque, quando era ministro da Justiça do governo Bolsonaro, tinha conhecimentos de possíveis situações de instabilidade.

Gilmar Mendes faz uma intromissão para acusar o ministro Nunes Marques de uma fala negada pelo próprio ministro, na sequência, em plenário. “A cadeira onde o senhor está, ministro Nunes Marques, estava na rua”, disse Gilmar. “Não disse nada disso que Vossa Excelência suscitou, ministro Gilmar”, rebate Nunes Marques.

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