O homem acabou ganhando o apelido de “vigarista do Tinder”
O casal se conheceu pelo Tinder e Cecilie, uma das vítimas, disse que ele afirmava que era filho de um bilionário judeu, comerciante de diamantes.
Encontrar sua alma gêmea não é nada fácil, não é mesmo? Com exceção de alguns sortudos, muitas pessoas levam boa parte da vida até encontrar a “ideal”, aquela capaz de mudar todo o curso de uma existência, isso se encontram. Muitos acabam fazendo dessa busca um “estilo de vida” e não sossegam enquanto não estão em algum relacionamento.
Para resolver esse “problema” de maneira mais eficaz, aplicativos de encontros foram criados, com o intuito de facilitar a conexão de possíveis pretendentes sem sequer precisar sair de casa. O que pode ser visto como um facilitador, para outros é encarado como última opção, como se os aplicativos pulassem muitas etapas, tornando os encontros superficiais e forçados.
Para Cecilie Fjellhoy, de 31 anos, tudo pareceu se encaixar em sua vida amorosa quando conheceu, no aplicativo Tinder, um homem chamado Simon Leviev, filho do empresário do ramo de pedras preciosas, Lev Leviev.
O jovem, que na época dos crimes tinha 20 anos, autointitulou-se “Príncipe dos Diamantes”, e dizia às mulheres que encontrava sobre o patrimônio líquido de mais de R$ 5 bilhões do pai. Na verdade, aquele homem era Shimon Hayut, um israelense que usava aplicativos de encontros para aplicar golpes em mulheres solteiras, enquanto fingia ser outra pessoa.
O fraudador acabou apelidado de “vigarista do Tinder”, e acendeu um alerta nas mulheres, principalmente as que se sentem carentes e enxergam na menor das oportunidades um caminho que nem sempre é o mais seguro a percorrer.
Shimon convenceu Cecilie, depois de um mês de namoro, a abrir uma conta no banco para ele com cerca de R$ 1 milhão de limite, assim ele poderia “pagar suas despesas” naquele momento e se proteger de seus “inimigos”. Acreditando que se tratava realmente do filho de um bilionário, a mulher não hesitou e abriu a linha de crédito para o namorado.
Ele gastou todo o dinheiro em 54 dias e a abandonou, deixando para trás apenas a dívida. Em entrevista ao Daily Mail, Cecilie explica que seu dinheiro financiou encontros de Shimon com outras mulheres, aluguel de jatos, passagens de avião, contratação de seguranças, sapatos Loubotin, bolsas da Gucci, hospedagens em hotéis caríssimos, como Ritz, e até aluguel de limusine para ir a uma ópera.
A estratégia de Shimon era aplicada através do sistema Ponzi, pelo qual ele presenteava mulheres que tinha conhecido no aplicativo com viagens e luxos variados, usando o dinheiro roubado de outras mulheres. Quando a quantia acabava, ele pedia mais, como no caso de Cecilie, alegando que precisava proteger sua identidade por questões de segurança.
Cecilie vivia em Londres (Inglaterra) quando conheceu Shimon, e no primeiro encontro, viajaram em um avião particular para a Bulgária e, a partir desse dia, trocavam mensagens de texto, de voz e chamadas de vídeo. O rapaz disse a ela que precisava viajar constantemente para trabalhar e que era difícil visitá-la em Londres por conta das ameaças que recebia.
Essas tais ameaças eram porque, supostamente, ele trabalhava com o pai no negócio de diamantes da família. Para que pudessem se ver, Shimon pediu que ela abrisse uma linha de crédito para ele, e passou todas as instruções, para que ele pudesse se “proteger”.
Em um primeiro momento, Cecilie explica que acreditou no rapaz, ele vivia andando com um segurança a tiracolo e aparentemente ia pagar a quantia, principalmente porque levava uma vida luxuosa e se dizia filho de um bilionário. Mas o tempo foi passando e os gastos aumentando, e após 54 dias, o rapaz simplesmente sumiu; gastou nesse tempo mais de R$ 1 milhão da jovem.
Cecilie precisou ser internada em um hospital psiquiátrico, e passou a ter pensamentos suicidas com frequência. A jovem acreditava que sua vida tinha acabado e que estava sem saída, porque, além de sentir que tinha perdido um namorado, também percebia que nunca tinha tido um namorado, já que o envolvimento não tinha sido real.
Shimon ficou desaparecido durante um tempo, mas em 2019 foi preso na Grécia, quando a Interpol e a Polícia de Israel se uniram em uma operação grandiosa para capturá-lo. Na audiência de sentença, ele disse que sentia muito por tudo e ainda prometeu pagar sua dívida com a sociedade, mas já está em liberdade.
A Netflix anunciou que vai lançar no ano que vem uma série sobre a história, dirigida por Felicity Morris, sob a óptica das “mulheres que decidiram derrubar o vigarista”. Prevista para estrear em fevereiro de 2022, a trama se chama The Tinder Swindler.