Para ministro, deve haver uma “atuação estruturada” criminosa por trás do caso
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes atribuiu o vazamento de mensagens de seu gabinete a uma possível organização criminosa que estaria atuando com o objetivo de fechar a Suprema Corte e promover o “retorno da ditadura”.
“O vazamento e a divulgação de mensagens particulares trocadas entre servidores dos referidos Tribunais se revelam como novos indícios da atuação estruturada de uma possível organização criminosa que tem por um de seus fins desestabilizar as instituições republicanas”, afirmou o magistrado.
As declarações constam no documento que iniciou as investigações do caso na última segunda-feira (19), no âmbito de um novo inquérito, de número 4972. O magistrado retirou, nesta quinta (22), o sigilo da apuração. Ele assumiu a relatoria porque o caso é tratado como relacionado ao inquérito das fake news (4781), também conduzido por Moraes.
“Essa organização criminosa, ostensivamente, atenta contra a Democracia e o Estado de Direito, especificamente contra o Poder Judiciário e em especial contra o Supremo Tribunal Federal, pleiteando a cassação de seus membros e o próprio fechamento da Corte Máxima do País, com o retorno da ditadura e o afastamento da fiel observância da Constituição Federal”, acrescentou o magistrado.
O vazamento das mensagens foi publicado pela Folha de S.Paulo e revelaram que o ministro teria utilizado a AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informalmente para embasar suas investigações contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no STF.
Ao instaurar o inquérito do vazamento, o ministro determinou que Eduardo Tagliaferro preste depoimento na Polícia Federal (PF). Tagliaferro era o chefe da AEED durante a gestão de Moraes na Presidência do TSE, mas foi demitido em maio de 2023 após ser preso sob acusação de violência doméstica.
Tagliaferro aparece como um dos interlocutores nas mensagens vazadas, junto do juiz instrutor de Moraes no STF, Airton Vieira, e do juiz auxiliar na presidência no TSE, Marco Antônio Vargas.