Vai-Vai foi alvo de duras críticas por mostrar policiais de maneira negativa
A escola de samba Vai-Vai, do carnaval de São Paulo, que causou polêmica por desfilar neste ano com uma ala que retratava policiais militares como demônios, também teve a presença do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, em um de seus carros alegóricos. A alegoria em questão trouxe uma estátua do bandeirante Borba Gato pichada.
A escola de samba paulista apresentou no último sábado (10) o enredo “Capítulo 4, Versículo 3 – Da Rua e do Povo, o Hip Hop: Um Manifesto Paulistano”. A estátua que homenageia Manuel de Borba Gato, inaugurada em 1963, fica na Praça Augusto Tortorelo de Araújo, na Zona Sul de São Paulo, e, além de pichações, já chegou até a ser incendiada.
Apresentando um posicionamento que se assemelha a aquele que frequentemente é reproduzido por movimentos de esquerda, a Vai-Vai disse em seu perfil no Instagram, no qual compartilhou uma foto da alegoria, que Borba Gato foi “um colono brasileiro, bandeirante paulista, sertanista, proprietário de escravizados e descobridor de metais preciosos”.
“Nas viagens que [Borba Gato] realizava, para explorar novas terras, os grupos indígenas encontrados pelo caminho eram assassinados, as mulheres estupradas e os sobreviventes aprisionados e vendidos como escravizados”, afirmou a agremiação sobre o bandeirante.
Em seu perfil no X, antigo Twitter, o ministro Silvio Almeida disse que seu avô paterno, conhecido como Lorito, foi um dos fundadores e primeiros diretores da Vai-Vai e afirmou que a escola de samba faz parte da história de sua família e que “é uma das mais vigorosas manifestações da cultura negra da cidade de São Paulo”.
Ao desfilar no último sábado, a Vai-Vai trouxe uma ala intitulada Sobrevivendo no inferno, que era composta por pessoas fantasiadas de policiais do batalhão de choque. Eles usavam chifres e asas vermelho-alaranjadas, fazendo alusão a demônios. A manifestação, porém, desagradou deputados federais da Frente Parlamentar de Segurança Pública da Câmara.
“A que ponto chegamos?”, questionou o deputado Alberto Fraga (PL-DF), presidente da bancada da bala e 1° vice-presidente da Comissão de Segurança Pública da Casa.
“Lamentavelmente, vivemos uma sociedade na qual a polícia é desvalorizada e humilhada diariamente”, afirmou o deputado Sargento Portugal (Podemos-RJ), para quem a escola protagonizou um “escárnio com esses heróis anônimos da sociedade”, em referência aos policiais.
“Eu torço para que uma escola de samba que promove esse tipo de absurdo seja rebaixada. Não há justificativa para fazerem tamanha imbecilidade contra os policiais, categoria que rala diariamente, sob condições precárias, para proteger aqueles que eles nem conhecem”, prosseguiu, por sua vez, o deputado Sargento Gonçalves (PL-RN).
Pré-candidato a prefeito de São Paulo, o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) disse que a agremiação recheou seu desfile de “bandidolatria”.