Militar foi acusado de cometer obstrução de justiça devido ao suposto descumprimento de medidas cautelares
Ao ser preso nesta sexta-feira (22) após prestar depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), se tornou a primeira pessoa nos últimos 20 anos a entrar livre na Corte e sair detida. Na ordem de prisão, o militar foi acusado de cometer obstrução de justiça devido ao suposto descumprimento de medidas cautelares.
Após a revista Veja divulgar, na última quinta (21), áudios em que o militar criticava o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e a Polícia Federal, Cid foi convocado a comparecer a uma audiência com o desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes, para esclarecer as acusações à Operação Tempus Veritatis.
Após o término da audiência de confirmação dos termos da colaboração premiada, foi cumprido o mandado de prisão preventiva. Nos áudios, Cid disse que Moraes já tinha a sentença dos investigados e que no “momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR acata, aceita e ele prende todo mundo”.
O tenente-coronel também afirmou que a PF queria que ele falasse coisas sem conhecimento ou que não aconteceram, pois os investigadores do inquérito “não queriam saber a verdade” sobre a suposta tentativa de golpe de Estado, e sim confirmar a narrativa deles. Por meio de nota, a defesa de Cid admitiu que a voz nas gravações era do militar, mas alegou que as declarações são “meros desabafos” do investigado.
Mauro Cid tinha sido preso em maio de 2023 pela PF durante a investigação sobre supostas fraudes em cartões de vacina contra a Covid-19. Em setembro, ele foi solto após homologação da delação premiada, em que apontou Bolsonaro como o mandante das fraudes no sistema do Ministério da Saúde.