Lula quer alimentar crise com o Exército, afirma Mourão

De acordo com o senador eleito, a demissão do general Júlio César de Arruda é ‘péssima para o país’

O general da reserva e senador eleito pelo Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão (Podemos), afirmou neste sábado, 21, à Folha de S.Paulo, que a demissão do comandante do Exército mostra que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva quer alimentar uma crise com as Forças Armadas.

Lula demitiu o general Júlio César de Arruda na manhã de sábado 21, em meio à “crise de confiança” do governo nas Forças Armadas. O general estava no Exército desde 28 de dezembro, antes da posse do petista.

Mais tarde, o chefe do Executivo anunciou o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva como novo comandante da Força.

“Se o motivo foi tentativa de pedir a cabeça de algum militar, sem que houvesse investigação, mostra que o governo realmente quer alimentar uma crise com as Forças e, em particular, com o Exército”, disse Mourão, referindo-se aos boatos de que o principal motivo da exoneração foi o fato de Arruda ter resistido ao pedido do ministro da Defesa, José Múcio, para que o tenente-coronel Mauro Cid fosse retirado do comando de uma batalhão do Exército em Goiânia. “Isso é péssimo para o país.”

Ainda no sábado, Múcio afirmou que a demissão de Arruda ocorre em razão de uma “fratura no nível de confiança” do Executivo em relação às Forças Armadas.

“Evidente que, depois desses últimos episódios, como a questão dos acampamentos e a questão do dia 8 de janeiro, as relações no comando do Exército sofreram uma fratura no nível de confiança”, observou, ao acrescentar que o objetivo do governo é investir na aproximação com as Forças Armadas. “Achávamos que precisávamos estancar isso logo de início, até para que pudéssemos superar esse episódio.”

Na sexta-feira 20, o ministro disse que “medidas seriam tomadas” contra os militares que possivelmente tenham participado das manifestações em Brasília.

“Os militares estão cientes e concordam”, afirmou, ao sair de uma audiência no gabinete presidencial. “Evidentemente, no calor da emoção, a gente precisa ter cuidado, para que as acusações e as penas sejam justas. Tudo será providenciado em seu tempo.”

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