‘Lula foi ressuscitado politicamente pelo STF’, afirma Marco Aurélio Mello

O ex-ministro do STF disse também ter se arrependido de assinar a “carta pela democracia”

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello afirmou nesta quinta-feira, 25, em entrevista à CNN Brasil, que a decisão do Supremo de anular as sentenças do ex-presidente Lula colocou o petista de volta à corrida eleitoral e causou o derretimento da tal “terceira via”.

“Lula foi ressuscitado politicamente pelo Supremo, fechando as portas para uma terceira via”, disse Mello. “Como cidadão e eleitor, sou favorável a abrir-se o leque e ter-se vários candidatos para escolha pelos eleitores.”

Na mesma entrevista, Mello afirmou ter se arrependido de assinar a “Carta pela democracia”, elaborada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Segundo o ministro, o documento foi usado para apoiar Lula.

“Se soubesse que o manifesto seria usado como instrumento político para fustigar o atual governo e apoiar um candidato de oposição, no caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eu não o teria assinado”, disse . “Se arrependimento matasse, vocês estariam encomendando a minha missa de sétimo dia.”

Luciano Hang e STF

O ex-ministro também disse que não viu “com bons olhos” os mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro do STF Alexandre de Moraes contra um grupo de empresários, entre eles o dono das lojas Havan, Luciano Hang.

“Não vi com bons olhos o que ocorreu com os empresários. Havia como investigar sem atos tão violentos”, avaliou o ex-ministro. “Em direito penal, não se pune a simples cogitação [de um golpe]. Não temos o crime de opinião. Precisamos de temperança, de entendimento entre os Poderes, cuidar das desigualdades que no país tanto nos envergonham.” Para Mello, cabia a Moraes “ouvir o Ministério Público, ouvir o Estado acusador. O Supremo é simplesmente julgador”.

A alegação de Alexandre de Moraes é que o grupo de empresários compartilhou supostos comentários de teor golpista, em conteúdo exposto pelo jornal Metrópoles na última semana, falando em algum tipo de ação caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições presidenciais deste ano. A conversa aconteceu em um aplicativo de mensagens.

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