Há a previsão de uma reunião entre o governo e o advogado-geral da União para o ingresso de uma ação pedindo o arquivamento do relatório final da CPI da Covid-19
O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) avaliou, nesta quinta-feira, 21, que o legado da CPI da Covid-19 será nulo. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, o parlamentar afirmou que a Comissão de Inquérito Parlamentar não combateu a corrupção, mas afastou laboratórios de vacina e empresários que poderiam ajudar no combate à pandemia no Brasil.
O relatório final da CPI, feito pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), indiciou o presidente Jair Bolsonaro por 9 crimes e ainda incluiu seus três filhos: Flávio, Carlos e Eduardo. “No meu ponto de vista, a CPI trouxe menos do que nada. Eu tenho a convicção de que a forma como o dia a dia era tocado na CPI, sem dúvida alguma, desencorajou muita gente a querer ajudar de uma forma mais direta e efetiva nessa pandemia. Você imagina empresário que quisesse comprar respiradores, comprar oxigênio e equipamentos de proteção individual, o medo que ele teve de se ver sentado na cadeira e ser torturado psicologicamente como várias pessoas foram”, sugere o parlamentar. “A CPI atrapalhou. Gerou um espetáculo lamentável e triste”, acrescentou Flávio, que definiu o relatório como “ruim”, “fraco” e “político”.
Sobre os próximos passos após a apresentação do documento, há a previsão de uma reunião entre o governo Bolsonaro e o advogado-geral da União, Bruno Bianco, para o ingresso de uma ação pedindo o arquivamento de todo o relatório. Flávio diz “não ter a menor dúvida” de que isso irá acontecer. “Acho difícil isso não acontecer. A AGU é quem defende o presidente da República e alguns ministros, segundo a lei. Eu próprio muito rapidamente elenquei 20 crimes que teriam sido cometidos por Renan Calheiros no dia a dia da CPI”, conta o senador. “Só em relação à Lei de Abuso de Autoridade são seis crimes que ele pode ter cometido. Isso sem falar em crimes do Código Penal e do estatuto da OAB, até de Lei de Segurança Nacional, quando ele difama e ataca o presidente da República de uma forma completamente injusta, ilegal e abusiva”, elenca o parlamentar. De acordo com Flávio, a assessora de seu gabinete já está preparando um fundamento para ser entregue à Procuradoria-Geral da República para que o órgão tome “as providências que achar cabíveis”.
O político do Patriota reforçou que se ele fosse o PGR, ele arquivaria o documento “de cara”. “Se eu fosse o PGR, eu indeferia ou arquivaria de cara, porque ele é o sustentado e baseado em ataques ao presidente, que não podia ser o objeto de uma CPI”, argumenta. Aliados de Jair Bolsonaro defendem que o chefe do Executivo não pode ser investigado por uma Comissão de Inquérito Parlamentar do Senado. Segundo eles, a instalação de uma CPI para apurar possíveis crimes do governo federal e do presidente da República é uma medida “inconstitucional”. O senador Flávio Bolsonaro ainda comentou sobre a possibilidade do relatório ser enviado ao Tribunal Internacional de Crimes de Guerra, conhecido como Tribunal de Haia. “É óbvio que o único intuito de enviar o relatório para o Tribunal de Haia é gerar o desgaste e causar repercussão na imprensa lá fora. Até isso a CPI consegue atrapalhar o Brasil”, criticou. “Até jornais de direita vão repercutir negativamente e dar uma imagem aos investidores de que aqui no Brasil há uma grande instabilidade política e de que o presidente pode ser cassado a qualquer momento. E não é isso”, finalizou o senador.
Confira a íntegra da entrevista de Flávio Bolsonaro: