Lira aconselhou Bolsonaro a preservar amizade com Tarcísio

Presidente da Câmara falou com ex-chefe do Executivo por telefone

Por meio de ligação nesta sexta-feira (7), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), aconselhou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a preservar a sua amizade com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Na avaliação de Lira, o ex-ministro da Infraestrutura foi “muito correto” ao defender a PEC.

“Eu liguei para ele [Bolsonaro], sem fazer juízo de valor ou pedindo posicionamento, falei que essa reforma nasceu no governo dele, foi tocada dentro do Congresso Nacional, e que essa reforma era do Brasil. Falei a ele que o governador Tarcísio foi muito correto com o tratamento da PEC e que é um amigo que precisa, acima de tudo, ser preservado”, relatou Lira, em entrevista coletiva.

O presidente da Câmara ainda expressou estar com sensação de “dever cumprido” após a aprovação da reforma, e ponderou que o Senado deve fazer mudanças possivelmente necessárias no texto.

“O Senado, por certo, vai ter todo o tempo do mundo para fazer as alterações, que podem ser necessárias. A Câmara é uma Casa mais eclética, uma Casa que tem muitas ideologias, muitas posições, um número grande de parlamentares. E o Senado vai ter a oportunidade de fazer uma discussão mais pausada, com um olhar mais agudo. E saberemos respeitar e avaliar o texto, que com certeza deve voltar do Senado”, completou.

“NÃO TEM BRIGA NENHUMA”, DIZ FLÁVIO SOBRE TARCÍSIO

Durante reunião do Partido Liberal (PL) realizada nesta quinta (6), em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro admitiu ter ficado “chateado” com Tarcísio após o gestor paulista dizer, ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que apoia 95% do texto da reforma tributária. Na reunião do PL, Tarcísio foi recebido com insatisfação por parte dos parlamentares presentes.

“Ontem [quarta-feira], muita gente ficou chateada com o Tarcísio, até eu. Mas vamos conversar, pô. Conversei com ele (…) o Tarcísio não tem, com todo respeito, a experiência política que muitos de vocês têm. Nós não queremos, nessa proposta que está aí dizer que vai ser melhorada por emendas. Porque não tem garantia nenhuma de aprovação. O que o Tarcísio está expondo aqui, eu conversei longamente com ele, é que essas possíveis emendas entrem agora no corpo da PEC junto ao relator. E não dá para fazer a toque de caixa”, declarou Bolsonaro.

O senador Flávio Bolsonaro, por sua vez, negou que a discussão em torno da reforma tributária tenha gerado uma divisão entre Bolsonaro e Tarcísio. O congressista relata que participou da reunião entre os dois políticos e presenciou um clima “amistoso” de “troca de ideias” para buscar uma “unidade no discurso”.

“Não tem briga nenhuma. Eu participei de uma reunião antes dessa mais aberta. Inclusive a tônica foi essa, o presidente Bolsonaro para o governador Tarcísio disse: “A gente não vai brigar de jeito nenhum”. Aí o Tarcísio brincou: “Presidente, a gente não vai brigar de forma alguma, nem que o senhor queira brigar comigo, eu não vou brigar com o senhor””, descreveu Flávio.

APROVAÇÃO NA CÂMARA

A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quinta, e na madrugada desta sexta, a reforma tributária em dois turnos. Um destaque ao texto foi rejeitado no segundo turno, mas os parlamentares analisam outros quatro na manhã desta sexta, todos de autoria do PL.

No primeiro turno foram 382 votos a favor, 118 contra e 3 abstenções. Já no segundo, foram 375 votos a favor, 113 contra e 3 abstenções. Era necessário o apoio de no mínimo 308 deputados, nos dois turnos. O texto aprovado na Câmara cria o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que substituirá o ICMS estadual e o ISS municipal, e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que ficará no lugar de tributos federais, como o PIS e a Cofins.

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