Justiça do Irã aceita apelação de rapper contra sentença de morte

Cantor foi preso em 10 de outubro por participar dos protestos por liberdade no país

A Suprema Corte do Irã aceitou um recurso contra a sentença de morte imposta ao rapper Saman Seydi Yasin, de acordo com a agência governamental de notícias judiciais Mizan. Yasin, um curdo de 24 anos cujas músicas falam sobre desigualdade, opressão e desemprego, foi acusado de crimes durante os protestos por liberdade iniciados há mais de três meses no país islâmico.

Por suposta tentativa de matar integrantes das forças de segurança iranianas, incendiar uma lata de lixo e atirar três vezes para o ar durante protestos, ele foi preso em 10 de outubro e, menos de dois meses, condenado à morte. Yasin nega as acusações. Na semana passada, a mãe do cantor gravou um vídeo apelando pela vida do filho. “Onde no mundo já se viu tomar a vida de um ente querido por uma lixeira?”.

Inicialmente, o tribunal disse ter aceitado o recurso de Yasin e de outro manifestante, Mohammad Qobadloo. Mas, posteriormente, a agência Mizan informou que apenas o apelo de Yasin foi aceito. Qobadloo foi acusado de matar um agente da polícia e ferir outros cinco com seu carro durante os protestos.

As manifestações eclodiram em todo o Irã em meados de setembro, depois da morte da iraniana curda Mahsa Amini, 22 anos, que foi presa em 13 de setembro pela polícia de moralidade do país por não usar de maneira adequada o véu islâmico hijab. Três dias depois, ela morreu na prisão. A família alega que ela foi assassinada. As autoridades negam, e dizem que ela teve um mal súbito.

No sábado 24, os protestos chegaram ao centésimo dia com atos em diversas cidades, incluindo a capital Teerã, Mashhad, no nordeste, Karaj, a oeste de Teerã, e Sanandaj, na Província do Curdistão no noroeste. Os manifestantes pedem o fim do regime do aiatolá Ali Khamenei.

Até agora, mais de 15 mil pessoas foram presas no Irã por participarem dos protestos e mais de 450 morreram, segundo ONGs internacionais de direitos humanos. Pelos menos 11 pessoas já foram condenadas à morte e duas sentenças já foram executadas. O Irã enforcou dois manifestantes no início deste mês: Mohsen Shekari e Majid Reza Rahnavard.

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