Jovens impulsionam a direita nas eleições do Parlamento Europeu

Eleitorado mais jovem tem deixado ideais políticos de esquerda para se aliar à direita

As eleições para o Parlamento Europeu, realizadas entre a última quinta-feira (6) e este domingo (9), demonstraram uma evolução da direita no cenário político continental. Uma das parcelas do eleitorado responsável por essa “guinada à direita” na Europa foram os jovens, já que, em países como Alemanha, Áustria, Grécia, Malta e Bélgica, a idade mínima para votar foi reduzida.

Em uma reportagem publicada pela BBC News na última sexta (7), o veículo destacou a mudança na visão política dos jovens europeus, que, em 2019, no último pleito continental, foram às urnas em número recorde. Na ocasião, porém, a maioria dos votos dos mais jovens tinha sido destinada a partidos verdes, que defendiam pautas climáticas com veemência.

Desta vez, porém, segundo a própria BBC, os jovens eleitores optaram pelo voto em grupos de direita. Para o húngaro Bence Szabó, de 25 anos, os direitistas podem “realmente resolver os problemas que a esquerda tentou resolver, e falhou”.

“Queremos acabar com o status quo e é por isso que muitos dos meus amigos estão votando na direita”, declarou Bence.

Para Lazar Potrebic, um jovem de 25 anos oriundo de uma minoria húngara na Sérvia que tem direito a votar, a percepção é de que partidos mais tradicionais da política europeia não estão atentos às suas preocupações e às suas necessidades.

“Pessoas da nossa idade estão dando passos realmente importantes na vida. Estamos conseguindo os nossos primeiros empregos, pensando em constituir família (…), mas se olharmos pela Europa, o custo de vida está disparando e é difícil conseguir trabalho”, relata.

Outro ponto que estaria impulsionando os jovens a votarem na direita é a questão da imigração ilegal. Giorgio, um italiano de 28 anos, acredita que o posicionamento da União Europeia tem sido muito brando diante da questão. Ele declarou voto no partido Irmãos da Itália, da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.

“Não temos ideia de quem está entrando: as pessoas estão passando pelos buracos e podem ter antecedentes criminais, o que significa que a Europa está menos segura”, declarou o jovem.

Aproveitando os anseios dos jovens europeus, políticos de direita têm ganhado espaço nos maiores países do continente. Um desses exemplos é o francês Jordan Bardella, de 28 anos, do grupo direitista Reagrupamento Nacional, sigla que saiu vencedora das eleições na França para o Parlamento Europeu.

SOBRE AS ELEIÇÕES

Segundo as projeções atualizadas no fim da manhã desta segunda (10) pela comissão eleitoral, o Partido Popular Europeu, de centro-direita, havia conquistado dez cadeiras a mais no Legislativo continental, chegando a 186 eurodeputados, mantendo assim a maior bancada.

Outras representações de direita e centro-direita também ampliaram seus espaços dentro do Parlamento continental da Europa, como os direitistas Grupo Europeu de Conservadores e Reformistas, que saltou de 69 para 73 parlamentares; e Identidade e Democracia, que avançou de 49 para 58 eurodeputados, impulsionado pelos 30 assentos obtidos na França.

A esquerda, por outro lado, viu suas bancadas diminuírem dentro do Parlamento Europeu. O principal grupo de centro-esquerda, a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, perdeu quatro assentos e caiu de 139 para 135 eurodeputados. Já o grupo intitulado A Esquerda perdeu uma vaga, reduzindo seu espaço de 37 para 36 congressistas.

O grande perdedor da esquerda/centro-esquerda, no entanto, foi o chamado Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia, cuja bancada era de 71 eurodeputados na atual composição, número que, nas previsões mais recentes, está caindo para 53 parlamentares. Ou seja, as principais representações de esquerda caíram de 247 para 224 assentos.

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