Jovem entra em estado vegetativo após superdosagem de remédio em hospital

Nesta terça-feira, 29, a Polícia Civil de Porto Alegre iniciou a investigação de suspeita de superdosagem de medicamento oferecido a um paciente de um hospital da cidade em outubro de 2021. O erro deixou o jovem Alexandre Moraes de Lara, de 28 anos, em estado vegetativo e precisando de cuidados 24 horas por dia desde então.

O Hospital Humaniza, onde o paciente segue internado até hoje, afirma que o atendimento a Alexandre ocorreu na gestão anterior da unidade: “O Hospital lamenta profundamente o ocorrido e vem prestando toda a assistência médica necessária e disponível para a melhoria do quadro clínico do paciente. Ao mesmo tempo, vem mantendo tratativas com os familiares para, também, proporcionar o máximo de assistência e acolhimento necessários”, diz em nota.

Na época, Alexandre deu entrada no hospital para tratar um problema cardíaco. Porém, em vez de receber dois comprimidos de um medicamento, o paciente recebeu uma dose 20 vezes maior. O remédio, indicado para controlar batimentos do coração, acabou provocando uma parada cardiorrespiratória. Um laudo assinado por um médico contratado pela família afirma que o estado vegetativo de Alexandre tem grande potencial de ser permanente.

Gabrielle Gonçalves Bressiani, recorda que o marido era ativo fisicamente e que gostava de surfar e ir à academia. Ela, que estava grávida na época do ocorrido, diz que Alexandre ainda não entende quando vê a filha: “Eu estava grávida de três meses quando aconteceu. Agora eu levo a Sara, filha dele, ali para vê-lo, mas ele não entende nada”, diz.

A esposa relembra que estava junto de Alexandre quando o caso aconteceu e afirma ter questionado o técnico de enfermagem, que confirmou a dosagem, indicada por uma médica. Pouco depois da aplica, o rapaz passou mal.

A família diz que o médico cardiologista deu a receita correta, e o primeiro erro aconteceu na farmácia do hospital: “A farmácia, na hora de cadastrar o medicamento, cadastrou errado. Ao invés de cadastrar como 300 miligramas, que era o correto, cadastrou como 30 miligramas. Então, ao invés de tomar os dois comprimidos que ele deveria, ele tomou 20 comprimidos”, diz Gabrielle.

Um prontuário assinado pelo diretor-executivo do hospital aponta o erro da equipe e cita que “a medicação dispensada pela farmácia do hospital era divergente da dosagem registrada no sistema e da prescrição médica”. O médico indicou 600 miligramas ao paciente, mas o hospital deu 6 mil miligramas.

A família aí da possui diversas críticas ao atendimento de urgência oferecido pelo hospital. De acordo com o tio, a equipe demorou mais de cinco minutos para socorrer Alexandre: “A médica não sabia orientar os enfermeiros ou técnicos do procedimento, se tinha que fazer intubação, se não tinha. O equipamento para respirar que eles foram utilizar estava faltando uma peça, então não deu para utilizar, ajudou a faltar oxigênio. O medicamento, que era adrenalina, que tinha que ser dado, não foi dado no tempo adequado”, relata.

O Conselho Regional de Medicina (Cremers) afirma que investiga a atuação dos profissionais envolvidos no caso.

Com informações do G1

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