Kaipara espera que as garotas māoris se inspirem em sua história como um sinal de que os tempos estão mudando e que elas podem ocupar o lugar desejado no mundo!
Uma jornalista membro da etnia māori, indígenas da Oceania, fez história na Nova Zelândia como a primeira pessoa com marcas faciais tradicionais de sua cultura a apresentar um programa de notícias em horário nobre na televisão neozelandesa.
Oriini Kaipara ganhou as manchetes em todo o mundo depois do seu primeiro boletim das 18h para Newshub, no canal de TV Três, na Nova Zelândia. Muitos elogiaram o marco como uma vitória para a representação maori.
Kaipara disse à CNN que o momento em que foi ao ar foi muito emocionante para ela, que estava exultante, sentindo-se nas nuvens, tamanha era sua felicidade. Ela disse que foi uma honra fazer parte desse momento histórico e que estava à flor da pele durante a apresentação do jornal.
O papel de apresentadora de Kaipara foi o primeiro de seis dias consecutivos cobrindo as âncoras do noticiário do horário nobre, embora sua passagem continue no início de janeiro, e ela disse que pode ser chamada novamente no futuro.
A mulher de 38 anos, que inicialmente trabalhou como atriz, já é a âncora permanente do boletim “Newshub Live”. Ela já tinha feito história em 2019, quando trabalhava na emissora TVNZ, tornando-se a primeira māori a apresentar um noticiário popular local. A diferença é que sua conquista recente levou as marcas de sua etnia para todo o país e além, ao invés da audiência local na cidade que já a conhecia.
Na tradição māori, o povo indígena da Nova Zelândia, as marcas faciais são tatuadas no queixo para as mulheres e são conhecidas como moko kauae, enquanto para os homens cobrem a maior parte do rosto e são conhecidas como mataora.
Kaipara recebeu seu “moko” em janeiro de 2019, que ela diz ter sido uma decisão pessoal que tomou para lembrá-la de seu poder e identidade como mulher māori. Diz que sempre que duvida de seu potencial e capacidade, basta olhar para suas marcas no espelho para lembrar o poder de seus ancestrais, que a trouxeram até esse momento.
Kaipara disse que apresentar o noticiário do horário nobre foi o ápice de seus sonhos jornalísticos, embora tenha sido um momento agridoce, pois sua mãe, que faleceu recentemente, não conseguiu compartilhar o momento com a filha. Sua carreira começou em 2005.
Apesar de todos os comentários positivos, também houve reações negativas à apresentação de Kaipara, especialmente porque ela costuma usar frases em maori enquanto apresenta o programa, para incluir as pessoas de sua etnia, como “E haere ake nei” (ainda por vir), “Ū tonu mai” (fique conosco) e “Taihoa e haere “(não vá ainda).
A língua maori é extremamente importante para Kaipara. Seu objetivo, ela disse, é encorajar as pessoas a falar a língua que foi retirada à força da geração de sua avó e reivindicá-la para o povo maori.
A jornalista reconheceu que ainda existem questões sobre a colonização do seu povo que precisam ser abordadas, pois as relações raciais em seu país não avançaram tanto quanto gostaria, principalmente para as pessoas de cor.
No entanto, a “enormidade” da ocasião não foi perdida por ela, e em muitos aspectos foi um momento de círculo completo para Kaipara, que foi inspirada pela apresentadora de noticiários da TV Māori, Tini Molyneux, quando ela era uma menina. A jornalista era seu ídolo e Kaipara disse que era muito importante haver uma figura com a mesma cor de pele que ela na TV, isso a fez crer que também poderia estar lá.
Kaipara espera que as garotas māoris se inspirem em sua história como um sinal de que os tempos estão mudando e que elas podem ocupar o lugar desejado no mundo!