Jornalista de esquerda é mais um demitido da Jovem Pan

Maicon Mendes escreveu a palavra “eu” e disse que seu rigor jornalístico incomodou a emissora

Ontem, Caio Coppolla, Augusto Nunes, Guilherme Fiuza e Guga Noblat também foram desligados da emissora. As mudanças começaram após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).

“Hoje foi meu último dia na TV Jovem Pan News. Uma emissora que Eu ajudei a colocar no ar. Ajudei a traçar cada detalhe de como fazer um jornalismo sério e de qualidade”, escreveu Maicon em texto publicado no Instagram na madrugada de hoje.

Na publicação, o jornalista usou e maiúsculo para escrever a palavra “eu” e disse que seu rigor jornalístico incomodou a emissora.

Deixo a Emissora sabendo que Eu fiz o meu melhor. Fiz Jornalismo de verdade. Eu posso dizer que levei informação de qualidade pro telespectador, com verdade dos fatos, com apuração rigorosa, com checagem. Nunca me deixei levar por informações duvidosas. E nem achismo. Apurei com rigor. Isso é jornalismo.

“Eu sempre busco, dados oficiais. Não deixei passar nenhuma vírgula errada. Isso incomodou. […] Agradeço o carinho dos colegas. Os abraços e as lágrimas que derramaram por mim na redação. As inúmeras mensagens de carinho. Isso é real. Isso é louvável. Agora, sigo aberto pra escrever uma nova história!”, concluiu Maicon.

Maicon Mendes era crítico do presidente Jair Bolsonaro

Durante uma reportagem antes das eleições, Maicon informou que o ministro Nunes Marques, do STF (Supremo Tribunal Federal), revogou uma decisão que proibia o ex-governador do DF, José Roberto Arruda de se candidatar. Mendes destacou que Nunes era próximo do governo.

O comentarista político, Alfredo Scaff ficou revoltado. “Dá impressão na reportagem que o ministro Nunes Marques está decidindo junto com o Bolsonaro. O que é inadmissível”, esbravejou. “Fazer isso é vincular ato jurídico com atos políticos”, detonou.

Ainda no assunto, Scaff pontuou indiretamente para a direção da Jovem Pan: “A gente precisa parar com esse assunto, de ficar fulanizando decisões jurídicas de quem não conhece nada de ato jurídico. Precisa tomar muito cuidado com esse tipo de reportagem”.

Rodrigo Constantino emendou na discussão: “A gente nunca vê um repórter dizer que existe um ministro petista, ministro tucano. A gente só vê repórter dizendo que existe um ministro bolsonarista. Mas vamos lá, né”.

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