Investigação liga vereador do PT ao PCC

Senival Moura seria sócio de uma das maiores facções criminosas do país

Uma investigação conduzida pela Polícia Civil paulista encontrou evidência de que o vereador Senival Moura (PT-SP) pode estar ligado ao PCC. O político exerce o cargo na capital, São Paulo.

Durante as buscas nos imóveis ligados ao parlamentar, a Polícia Civil encontrou seis cheques assinados por Adauto Soares, ex-presidente da empresa de ônibus Transunião. A companhia teria sido usada pelo PCC para lavar dinheiro do tráfico.

Soares foi assassinado em março de 2020. Os policiais suspeitam que ele foi colocado à frente da Transunião por Moura, de acordo com o portal R7. Ele seria uma espécie de testa de ferro do vereador, e os cheques encontrados provariam um fluxo mensal de pagamentos ao político. Além disso, em mensagens enviadas de um celular de Soares, Moura é tratado como “presidente” e autoriza os pagamentos da empresa.

De acordo com as investigações, os traficantes da facção controlavam a empresa de ônibus com o político, em uma relação intermediada por Soares. O PCC supostamente ordenou o assassinato depois de descobrir um desfalque milionário nas contas da empresa, informou o jornal Folha de S.Paulo.

Delator confirma ligação do vereador do PT com o PCC

Documentos da Polícia Civil trazem um testemunho informando que o vereador petista era quem realmente comandava a Transunião. O delator é Identificado pelo codinome “Guilherme”, por questões de segurança. No depoimento, ele também confirma a relação do político com Soares.

“As pessoas que o sucederam no comando da cooperativa, e depois da empresa, sempre foram, em verdade, seus ‘laranjas’, porque a última palavra sempre foi dele”, disse o informante. “Neste contexto, Adauto Soares era, sim, mais um dos ‘laranjas’ que ao longo do tempo se postaram na condição de ‘representantes’ de Senival.”

Facção chegou a ordenar a morte do político

No depoimento, Guilherme disse que a facção queria matar Soares também. Contudo, ele disse que o vereador do PT só não foi morto pelo PCC porque ressarciu os prejuízos do grupo e ainda passou 13 ônibus para a facção.

Segundo o delator, o político foi poupado graças ao intermédio de Leonel Moreira Martins, ladrão de bancos encarregado de organizar as execuções. Ele ainda afirmou que Jair Ramos de Freitas, o Cachorrão, assassinou Soares — versão confirmada pela polícia por meio dos vídeos gravados no local do crime.

Bancado por criminosos

Guilherme conta que Moura chegou a Guaianases, na zona leste da cidade de São Paulo, no fim da década de 1970. No começo, ele passou a explorar uma linha de transporte clandestino. O informante sustenta que o político decidiu se candidatar após virar líder da categoria, e que a relação com PCC teve início em 1990.

Sem ter dinheiro para a primeira campanha, o petista teria aceitado ajuda do crime organizado para bancar a candidatura para o cargo de vereador, no início dos anos 2000. Dois criminosos, identificados como “Cunta” e “Alexandre Gordo”, ficaram encarregados de captar os recursos.

Os policiais acreditam que eles eram, respectivamente, Ricardo Pereira dos Santos, suspeito de integrar a facção, morto em 2012, e Alexandre Ferreira Viana, acusado de sequestro e preso desde 2005. Por causa da dívida com a dupla, o vereador do PT teria criado o esquema de lavagem de dinheiro para o PCC.

Moura ingressou no partido em 1984. Em 2004, ele se elegeu suplente na Câmara Municipal de São Paulo. No ano de 2007, o político assumiu uma vaga de vereador, cargo que ocupa até hoje.

Fonte: Revista Oeste

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