Integrante do Poder Judiciário afirma: ‘Não tem volta. Tem que parar Bolsonaro’

“A questão é que ele tem apoio, isso é um fato. Mas acho que agora não tem volta. Tem que parar o cara, ou ele é que nos para. Estamos pensando ainda em como reagir”

Após as manifestações pró-Bolsonaro registradas neste 7 de setembro, Dia da Independência, a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha, ouviu um integrante do Poder Judiciário.

Sem se identificar, o entrevistado se disse “abismado” com as declarações dada pelo presidente brasileiro e classificou o episódio como “surreal”.

“Parece um filme de ficção” — afirmou. “Ele focou no Alexandre [de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)], mas o ataque é ao Judiciário. Frontal” — avaliou.

Na opinião deste membro do Judiciário, o presidente da República quer, com a sua atitude, “cavar o golpe”. “Ou tiramos ele ou ele implanta a ditadura” — declarou.

Segundo o entrevistado, não existe outra opção a não ser retirar Bolsonaro da Presidência da República.

“A questão é que ele tem apoio, isso é um fato. Mas acho que agora não tem volta. Tem que parar o cara, ou ele é que nos para. Estamos pensando ainda em como reagir.”

Durante os atos registrados nesta terça-feira, o presidente brasileiro deu um ultimato ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, se o ministro Alexandre de Moraes não for enquadrado, uma atitude mais dura será tomada em relação à Corte.

“Ou o chefe desse Poder [Fux] enquadra o seu [ministro] ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos” — disse, referindo-se às recentes decisões de Moraes contra bolsonaristas.

“Nós todos aqui na Praça dos Três Poderes juramos respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se enquadra ou pede para sair” — completou.

Em discurso na Avenida Paulista, o chefe do Poder Executivo ainda foi mais duro em suas palavras e chamou Moraes de canalha.

“Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir. Tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Sai Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha, deixa de oprimir o povo brasileiro” — afirmou.

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