Homem inocente é solto depois de ficar 12 anos na prisão por erro do Judiciário

Conduzido pela Superintendência da Polícia Técnico-Científica, a pedido do Innocence Project Brasil, um exame de DNA inocentou Carlos Edmilson da Silva, um jardineiro preso injustamente havia 12 anos.

Carlos foi liberado da Penitenciária de Itaí (SP) na última sexta-feira, 17. Ele tinha 24 anos quando foi preso sob a acusação de abusar de 10 mulheres em Barueri (SP), acusações que sempre negou. Carlos foi identificado tanto por fotos quanto pessoalmente pelas vítimas.

Apesar de suas negativas, Carlos foi sentenciado a 137 anos, 9 meses e 28 dias em regime fechado, baseado nos testemunhos das vítimas que o teriam reconhecido. No entanto, as condenações foram revisadas e anuladas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A revisão foi impulsionada por uma solicitação do Ministério Público (MP) ao Instituto de Criminalística (IC) para comparar o DNA de Carlos com o das vítimas. Cinco vítimas concordaram em fazer o exame, cujos resultados confirmaram a inocência de Carlos.
Identificação do verdadeiro autor virou a página para o preso injustamente

O verdadeiro autor dos crimes, José Reginaldo dos Santos Neres, que já estava preso por roubos, teve seu DNA identificado nas cinco vítimas que se submeteram ao exame. Ana Maria da Silva, mãe de Carlos, expressou seu alívio ao abraçar o filho quando ele saiu da prisão. “Eles não acreditam na minha palavra, tá bom, Deus sabe o que faz”, declarou Carlos ao ser libertado.

O promotor do caso contatou Flávia Rahal, diretora e fundadora do Innocence Project Brasil, que criticou a validade do reconhecimento fotográfico. Flávia explicou que o processo foi altamente questionável, pois na maioria dos casos, as vítimas foram apresentadas a uma única fotografia de Carlos, já sugerindo que ele era o suspeito reconhecido em outros casos.

Depois da revisão criminal das condenações, Carlos pretende processar o Estado. Sua advogada destacou a urgência de compensação: “A Justiça é falha”, afirmou ela. “É essencial que as vítimas de erros judiciais sejam compensadas. O Estado, ao reconhecer seu erro, deve também admitir sua responsabilidade em indenizar”. Ela enfatizou que, embora o dinheiro não possa restaurar os anos perdidos ou a reputação danificada, é um passo crucial para a justiça.

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