Ministro voltou a comentar sobre suposta perícia no telefone do presidente
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional do Governo Federal, o general Augusto Heleno, voltou a comentar sobre a declaração que deu, ainda em 2020, ao dizer que a possível apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro, aventada pelo então ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, teria “consequências imprevisíveis”.
Em entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil, Heleno voltou a defender que a medida citada por Mello seria uma “violação à privacidade de presidente estapafúrdia”.
– Quando eu falo em consequências imprevisíveis, é porque elas continuam a ser imprevisíveis. Se fossem, eu teria dito quais eram. Na oportunidade, sendo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, eu vi a figura do presidente da República, não do Jair Bolsonaro, do presidente, algo que é primordial que não seja violado. Vi uma violação à privacidade do presidente da República feita de uma forma absolutamente estapafúrdia e, para mim, sem nenhum fundamento.
O ministro também apontou que seria um desrespeito à Constituição Federal.
– Seria uma ordem do então ministro do STF [Celso de Mello] para apreender o celular do presidente da República; [isso] é estapafúrdio, é sair totalmente das quatro linhas da Constituição – apontou Heleno.
INTERFERÊNCIA NA PF
O pedido para apreensão dos celulares do presidente Jair Bolsonaro e de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, partiu de deputados da oposição ao presidente, em maio do ano passado.
Os parlamentares queriam uma perícia nos aparelhos para verificar a denúncia do então ministro da Justiça Sergio Moro sobre suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal em favor de Flávio.
Na época, Heleno se manifestou energicamente contra a medida e citou que haveria “consequências imprevisíveis” caso Celso de Mello acatasse o pedido, o que não aconteceu.
– O pedido de apreensão do celular do Presidente da República é inconcebível e, até certo ponto, inacreditável. Caso se efetivasse, seria uma afronta à autoridade máxima do Poder Executivo e uma interferência inadmissível de outro Poder na privacidade do presidente da República e na segurança institucional do país. O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República alerta as autoridades constituídas que tal atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional – disse o general Heleno.