Há 4 meses, Gilmar criticou a soltura de presos pós-delação premiada: ‘Perversão’ (veja o vídeo)

Nesta semana, Moraes usou o mesmo critério para soltar Mauro Cid

Em 9 de maio, durante um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes chamou de “perversão” e “tortura” o ato de liberar presos pós-acordo de delação premiada.

Exatamente quatro meses depois da declaração de Gilmar, o ministro Alexandre de Moraes determinou a soltura do tenente-coronel Mauro Cid — depois de homologar o acordo de delação do militar. 

“É muito grave para a Justiça ter esse tipo de vexame”, afirmou Gilmar, no julgamento, referindo-se a um processo da Operação Lava Jato. “As pessoas só eram soltas depois de confessarem e fazer acordo de leniência. Isso é uma vergonha, e não podemos ter esse tipo de ônus.”

E não parou aí. De acordo com o ministro, determinar a soltura de presos depois de firmar acordo de delação premiada é “coisa de pervertidos”.

“Claramente, tratava-se de prática de tortura, usando o poder do Estado”, observou Gilmar. “Sem dúvida nenhuma se trata de pervertidos incumbidos de funções públicas.”

Gilmar versus Moraes e os acordo de delação premiada

Naquele julgamento, a Segunda Turma do STF analisava um pedido de habeas corpus de Sergio de Souza Boccaletti, ex-engenheiro da Petrobras. Ele e Mário Miranda foram condenados e presos por suspeita de participação no esquema de propinas pagas a políticos do MDB.

Corta para setembro. No sábado, houve a confirmação do acordo de delação premiada do Cid — homologado por Moraes. O militar deixou o Batalhão de Polícia do Exército, em Brasília, durante a tarde.

O ex-ajudante de ordens da Presidência deixou o Batalhão do Exército em Brasília quatro meses depois de ser preso na Operação Verine. Fora da cadeia, o militar terá de usar tornozeleira eletrônica, está proibido de sair de casa em determinados horários e impedido de desempenhar suas funções no Exército.

Veja todas as restrições que Moraes impôs a Mauro Cid

  • Uso de tornozeleira eletrônica;
  • Comparecimento em juízo, em 48 horas, e comparecimento semanal, às segundas-feiras;
  • Proibição de sair do país e entrega do passaporte, em cinco dias;
  • Cancelamento de todos os passaportes emitidos pelo Brasil em nome do tenente-coronel;
  • Suspensão de porte de arma de fogo, assim como de certificado de registro para coleção, tiro esportivo e caça;
  • Proibição de uso de redes sociais; e
  • Proibição de falar com outros investigados. As exceções são a mulher, filha e o pai, general Lourena Cid.

Fonte: Revista Oeste

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