Grupo de Rogério Marinho teme ficar isolado após a derrota na eleição para a Presidência da Casa
O grupo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ficou com todos os cargos de direção da Casa, em eleição realizada nesta quinta-feira (2), e isolou o bloco do senador Rogério Marinho (PL-RN), derrotado na disputa para a Presidência do Senado. O resultado reforça o domínio da cúpula atual e a articulação do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), padrinho do presidente do Senado e principal cabo eleitoral da eleição.
Alcolumbre é criticado por adversários e colegas do próprio partido por concentrar poderes e até criar um “governo paralelo” em seu gabinete, dizendo quem fica com cargos, quem assume as comissões e quem leva as verbas do governo federal.
O grupo de Rogério Marinho teme ficar isolado após a derrota. Há dois anos, o PL e o ex-presidente Jair Bolsonaro apoiaram a eleição de Pacheco e ficaram com um cargo na Mesa do Senado, agora dominada pelo grupo que apoiou a reeleição do senador do PSD.
Pacheco foi eleito com 49 votos na noite de quarta (1º), contra 32 de Rogério Marinho. Além disso, o PL havia ficado com a maior bancada do Senado após as eleições de outubro, mas o PSD filiou novos integrantes e ficou com a liderança, somando 15 senadores. O PL tem 13.
Os demais cargos foram escolhidos em uma votação única, com 66 votos favoráveis, 12 contrários e duas abstenções, em uma votação secreta. A composição ficou a seguinte:
Primeiro vice-presidente – Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB)
Segundo vice-presidente – Rodrigo Cunha (União-AL)
Primeiro secretário – Rogério Carvalho (PT-SE)
Segundo secretário – Weverton Rocha (PDT-MA)
Terceiro secretário – Chico Rodrigues (PSB-RR)
Quarto secretário – Styvenson Valentim (Pode-RN).
Todos são aliados de Pacheco e Alcolumbre.
O PL tentou ficar com a segunda vice-presidência, posto que comandou nos últimos dois anos. O grupo lançou Wilder Morais (PL-GO) para disputar a vaga, mas abriu mão na última hora. Isolada, a tentativa da bancada é atrair colegas insatisfeitos com Alcolumbre e tentar um acordo para comandar comissões importantes da Casa.
A mais cobiçada é a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), colegiado que Alcolumbre presidiu nos últimos dois anos.
O PL enfrentou uma crise interna e traições durante a eleição para a Presidência do Senado. Romário (PL-RJ) anunciou voto em Rodrigo Pacheco. O presidente do partido, Valdemar Costa Neto, realizou uma “intervenção” no gabinete do senador durante a sessão de quarta e ordenou que ele votasse em Rogério Marinho.
O grupo, no entanto, calcula que o senador acabou mantendo o voto em Pacheco, olhando o placar da eleição.
O comando das comissões deve ser definido no próximo mês. O grupo de Pacheco se articula para presidir a CCJ com Davi Alcolumbre, a Comissão de Assuntos Econômicos com Vanderlan Cardoso (PSD-GO) e a Comissão de Relações Exteriores (CRE) com Renan Calheiros (MDB-AL).
Com um bloco formado por PSD, União Brasil e MDB, a cúpula do Senado espera garantir as três comissões.
“Neste momento, como sempre eu acredito, é a politica que resolve as coisas”, afirmou o líder do PL no Senado, Flávio Bolsonaro (RJ), ao pedir um acordo pelos colegiados e anunciar que o partido estaria desistindo de concorrer a um cargo na Mesa.