Gastos de Lula com marqueteiro podem atingir R$ 45 milhões

Escolha de agência para atuar na campanha do petista estaria gerando divergência no partido

Principal alvo de suspeitas de caixa 2 em pleitos anteriores, o marketing do ex-presidente Lula (PT) para as eleições promete atingir cifras astronômicas novamente neste ano. É o que aponta o primeiro orçamento apresentado pela agência escolhida para a campanha do petista, a MPB Estratégia e Criação, do marqueteiro Augusto Fonseca, que já trabalhou com Duda Mendonça, responsável pela campanha de Lula em 2002.

De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, o valor apresentado pela agência foi de R$ 45 milhões para ações de comunicação. O Estadão ainda informou que o valor pedido pela MPB seria, segundo os petistas, comparado àqueles que eram cobrados por Duda Mendonça, que morreu no ano passado.

A publicação ainda aponta que a briga pelo controle dos recursos milionários teria se tornado o ponto central das divergências entre os grupos do ex-ministro da Secretaria da Comunicação Social, Franklin Martins – mais próximo de Lula –, e o do secretário nacional de Comunicação do PT, Jilmar Tatto.

A razão para a divergência residiria no fato de que Jilmar discordaria da contratação de uma agência e seria a favor de manter as ações do marketing de campanha dentro da máquina do partido. Franklin, porém, teria bancado a escolha de Fonseca após uma concorrência na qual os valores não foram apresentados previamente, segundo dirigentes petistas.

De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), empresas de pesquisa eleitoral, produtoras e locadoras de equipamentos custaram R$ 29 milhões na última eleição presidencial, em 2018, somadas a pré-candidatura de Lula – que acabou preso e barrado pelo TSE antes do pleito – e a candidatura de Fernando Haddad. O marqueteiro da época era Otávio Antunes.

Em 2005, durante as denúncias do mensalão, o marqueteiro Duda Mendonça confessou ter recebido R$ 10,5 milhões em caixa 2 no exterior para a campanha de Lula. Duda acabou absolvido, mas se tornaria delator anos depois, na Operação Lava Jato.

A MPB fica em um prédio na Avenida Nove de Julho, em São Paulo, dois andares abaixo da antiga agência de Duda Mendonça. Além de Augusto Fonseca, os outros dois sócios da MPB, Manoel Antonio Canabarro e Eduardo de Matos Freiha, também atuaram com Duda. Canabarro foi o braço direito do publicitário, e Freiha já chegou a ser condenado no mensalão.

Freiha, que era produtor de vídeo na agência de Duda, foi condenado em 2015 por evasão de divisas, sob acusação de controlar contas atribuídas a Duda que receberam 2,5 milhões de dólares (R$ 11,6 milhões na cotação atual) no exterior. Em segunda instância, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região reconheceu, porém, a prescrição da pena.

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