Garcia diz que operação da PF investiga golpe que não houve

Em texto, publicado nesta sexta-feira, jornalista também citou Tiradentes

O jornalista Alexandre Garcia criticou a Operação Tempus Veritatis, que foi deflagrada pela Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (8), contra aliados e ex-ministros do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele se manifestou por meio de sua coluna no site Gazeta do Povo.

O texto, intitulado Operação contra Bolsonaro e aliados investiga o golpe que não houve, foi publicado nesta sexta (9). Garcia inicia puxando a memória do leitor para Tiradentes, o personagem histórico mineiro que lutou pela liberdade do país, mas foi traído e morto antes mesmo de os planos serem executados.

“Eu não sei se a história do Tiradentes não foi parecida com o que vimos nessa quinta. Tiradentes e seus inconfidentes mineiros estavam tentando dar um golpe na coroa portuguesa, mas não deram. E Tiradentes foi enforcado e esquartejado; pagou mesmo sem ter feito. Na quinta-feira tivemos essa Operação Tempus Veritatis – acho que o nome é uma resposta irônica a uma citação do Evangelho de João que Jair Bolsonaro usa com frequência, “conhecereis a verdade a verdade vos libertará”, veritas liberabit vos, e aí a Polícia Federal respondeu com Tempus Veritatis, “tempo da verdade””, iniciou.

O jornalista completa seu pensamento, mostrando que embora supostamente houvesse o planejamento de um golpe, não houve execução, já que Bolsonaro não assinou documento nenhum.

“Quem ordenou esse movimento de busca, apreensão e prisões foi Alexandre de Moraes. Estão mostrando que encontraram uma minuta de “decreto de golpe” que incluía a prisão de Moraes, mas ela não foi assinada, assim como Tiradentes também não deu o golpe que pretendia. Assinar depois de 31 de dezembro de 2022 não era possível – depois de 1º de janeiro de 2023 quem assinava decreto era Lula”, apontou.

O articulista ainda citou os alvos da operação e concluiu apontando para uma frase de Bolsonaro que, segundo ele, parece ter sido considerada pela Polícia Federal (PF) como “pontapé inicial” do golpe que não houve.

“São manhãs incríveis para essa gente. O almirante Garnier, ex-comandante da Marinha, contou que às 6h15 foi surpreendido com a Polícia Federal na casa dele. É algo bem desagradável; chegaram a levar até uma palestra que ele estava preparando. Mais uma vez entraram na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça: é o inquérito das fake news, é o cartão de vacina, é uma gravação de julho de 2022 que teriam encontrado nos registros digitais do tenente-coronel Mauro Cid, em que Bolsonaro diz que “perder a eleição não tem problema, o problema é perder a democracia numa eleição fraudada”. Parece que esse foi considerado pela PF como o pontapé inicial desse golpe que não houve. Então, aguardemos”.

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