Frances Haugen saiu do anonimato em entrevista a canal norte-americano
Uma ex-gerente de produtos do Facebook revelou ao programa 60 Minutes, do canal norte-americano CBS News, que ela foi a autora de uma série de denúncias contra práticas da plataforma. Entre as acusações da engenheira de computação Frances Haugen, de 37 anos, está o suposto “acobertamento” da rede social para que celebridades não precisem seguir as políticas do site.
As declarações de Haugen foram feitas neste domingo (3), e serviram como base para um reportagem do The Wall Street Journal sobre o tratamento preferencial que os famosos recebem na rede de Mark Zuckerberg.
“Eu vi repetidamente conflitos de interesses entre aquilo que era bom para o público e o que era bom para o Facebook. E, todas as vezes, o Facebook escolheu só o que era melhor para ele e para seus lucros”, apontou.
As denúncias de Haugen explodem no momento em que as redes sociais são apontadas como agravadores de uma série de questões psicológicas em usuários mais jovens, sobretudo no que tange a exposição de corpos e autoestima dos internautas.
A ex-funcionária também relatou que a conduta imposta dentro do Facebook coloca “lucros acima da segurança” dos internautas e do público em geral. Ainda segundo Haugen, que cita suas experiências profissionais em outras redes sociais, o Facebook tem a pior política interna de todas.
“Eu já conhecia um monte de redes sociais e era substancialmente pior no Facebook do que em qualquer outra que eu tivesse conhecido antes. Facebook, repetidamente, mostrou que prefere o lucro à segurança. Em um certo momento em 2021, eu percebi que precisava agir de maneira sistemática, e que eu precisava ter muitos documentos de maneira que ninguém pudesse colocar em dúvida que isso era real”, disse ao 60 Minutes.
A engenheira de computação também acusa a plataforma de enganar investidores e ocultar falhas internas. Segundo ela, a empresa enviava comunicados a investidores elencando uma série de iniciativas que supostamente seriam adotadas internamente, mas nunca foram colocadas em prática.
Haugen então reuniu milhares de documentos para embasar sua denúncia. Eles foram compartilhados não só com a imprensa, mas como políticos e órgãos reguladores da mídia dos Estados Unidos. Ela deixou a empresa recentemente.
“O Facebook viu que, se mudasse o algoritmo para algo que seja mais seguro, as pessoas passarão menos tempo no site, vão clicar menos em anúncios e vão gerar menos dinheiro. Ele ganha mais dinheiro quando você consome mais conteúdo e as pessoas gostam de se envolver com coisas que provocam uma reação emocional. E, quanto mais raiva você sentir, mais vai interagir e consumir”, acrescentou.