Está faltando testosterona no Congresso, já passou da hora de alguém bater na mesa

Em nova decisão monocrática, o STF invade competência de outro poder mediante decisão individual de um de seus membros. Não lhes basta interferir na política nacional seguindo um ativismo nunca antes visto. Não lhes basta emitirem opiniões pessoais destemperadas e desbragadas, como se fossem líderes mal educados de facção política. Não lhes bastam os votos ridículos recheados de adjetivos e interjeições. Querem, mesmo, é desestabilizar o país interna e externamente.

Quando os deputados federais mantiveram a absurda prisão do colega preso de modo totalmente irregular, assustados talvez porque o ministro Alexandre mostra os dentes quando fala (vá que morda), o problema de que trato aqui começou a se evidenciar. Colhe-se aquilo que se semeia e nada mais.

Neste momento, dezenas de pedidos de pedidos de impeachment se amontoam nas duas casas do Congresso. No Senado, especificamente, há CPIs contra o presidente e pedidos de impeachment contra ministros do STF. Recentemente ingressou um contra Alexandre de Moraes com mais três milhões de assinaturas populares. E nada!

Ah! – dirá alguém – o ministro atendeu à Constituição, que manda instalar as CPIs quando os três requisitos nela alinhados são atendidos. É verdade. Mas não tem sido assim. E é bom que não seja porque, se fosse, o Congresso não cuidaria de outras coisas, pois sempre existe um terço das Casas querendo desfrutar de alguém no paredão dos interrogatórios e impropérios. A matilha, quando longe do poder, está sempre ouriçada. Danem-se as consequências internas e externas da instabilidade política. O nome disso é irresponsabilidade.
Ademais, como bem disse o dócil Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, não há como fazer uma CPI em sessões virtuais. Aliás, em sessões virtuais o Congresso tem aprontado cada uma!…

Parece evidente, ao menos para mim, que está faltando ao Parlamento, doses de reforço daquele hormônio próprio da masculinidade, a testosterona, que responde por algumas características do macho na espécie humana. Nada contra as senhoras congressistas, mas já passou da hora de alguém bater na mesa. É do parlamento a ação prioritária para isso. E não é necessariamente do seu presidente que até agora só mostrou altura e voz grossa. É atribuição do plenário, que, aliás, já fugiu de votar a lava-toga.

Por que não andam os pedidos de impeachment dos ministros do STF que se acumulam no Senado? Por que nenhum senador atravessa a rua e cobra do Supremo atitude simétrica, desta feita contra eles mesmos?

São perguntas que vejo sem resposta quando sinto cada vez mais evidente a consigna “Acuse-os do que faz”, a que me referi quando abordei o plano golpista que as forças militantes da mídia e da oposição, atribuíam ao presidente.

Por Percival Puggina, Membro da Academia Rio-Grandense de Letras

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