Em que tipo de regime juízes auxiliares da mais alta corte do país discutem “mandar jagunços pegar esse cara na marra e colocá-lo em um avião”?

O caso de Allan dos Santos foi um dos primeiros exemplos da perseguição política em curso contra a direita, desde 2020.

Allan administrava uma empresa de mídia em pleno crescimento, com audiência maior do que canais como Globo News e CNN.

A empresa foi fechada por ordem do Supremo Tribunal Federal, e Allan buscou asilo nos EUA. A perseguição, no entanto, não cessou.

Segundo uma matéria da Folha, que revela diálogos entre assessores de Moraes, tanto a Interpol quanto os EUA se recusaram a cumprir o mandado de prisão do jornalista, pois identificaram indícios de perseguição política.

Os dois juízes auxiliares ainda especulam sobre as motivações do governo americano para não extraditar Allan, mencionando a possibilidade de não quererem se indispor com o governo brasileiro, então liderado por Bolsonaro. Eles também avaliavam que a entrada de Lula poderia mudar o cenário.

Contudo, nada mudou. Mesmo com presidentes de esquerda tanto nos EUA quanto no Brasil, o FBI não identificou crime nas falas de Allan, conforme revelado pelo Globo há alguns meses.

A matéria da Folha deixa claro que há uma perseguição direcionada contra Allan, devido ao fato de ele ter se tornado um desafeto do ministro Moraes.

Na semana passada, outro mandado de prisão foi expedido contra Allan, após ele ter exposto a foto do delegado da PF que lidera as investigações nos inquéritos do STF.

Ele está sendo acusado de “ameaça, formação de quadrilha e corrupção de menores”.

Bela Megale, do Globo, escreveu que o objetivo da nova ordem é tentar novamente a extradição junto ao governo americano.

Essa é uma prática comum em regimes autoritários: criar múltiplas acusações para facilitar a captura de um opositor exilado.

Por Leandro Ruschel

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