Em meio a empurrões e gritos, argentinos “lutam” por comida

Distribuição de cesta básica com apenas cinco itens causou grande confusão em província argentina

Um verdadeiro “filme de zumbi” foi vivido pelos moradores da comunidade argentina de Bartolomé de Las Casas, na província de Formosa, na última quinta-feira (25), durante uma entrega de alimentos em um caminhão enviado pelo governo provincial. A descrição foi feita por Sergio, um morador do local que abriga 5 mil pessoas e segue isolado por conta de casos de Covid-19.

Em uma entrevista concedida ao site argentino TN, Sergio acrescentou que desde as 4 da manhã de terça-feira (23) as pessoas aguardavam os dois caminhões com alimentos. O homem também declarou que a sacola que foi entregue pelo governo provincial continha apenas cinco produtos e que está avaliada em apenas 500 pesos (R$ 31,53).

Sergio declarou que um angustiante cenário se formou no local durante a distribuição das cestas básicas e que, em certo momento, uma confusão se formou fazendo com que jovens começassem a empurrar idosos, o que fez com que alguns destes desmaiassem e outros fossem parar embaixo dos caminhões.

– Eram 1.500 metros em linha, mas quando tudo quebrou, os avós colidiram com os meninos. Teve avós que entraram embaixo do caminhão e não conseguiram sair, as pessoas desmaiaram – destacou.

A província de Formosa já foi alvo de um severo relatório da Human Rights Watch (HRW), em decorrência das medidas adotadas para conter o contágio do coronavírus, que considerou “abusivo e insalubre”, em relação à situação no isolamento de centros. O documento, que também questiona a restrição ao trabalho do jornalismo independente e o uso excessivo da força em protestos contra o governador Gildo Insfrán.

– As autoridades provinciais também restringiram o trabalho da imprensa independente para cobrir a situação na província, usaram força excessiva contra aqueles que protestavam contra as medidas relacionadas com Covid-19 e, durante meses, limitaram severamente a possibilidade da população do cidade de Clorinda para se deslocar e ter acesso a cuidados médicos – disse a entidade.

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