Tenente-coronel se recusou a responder até mesmo qual era a própria idade
Durante sua participação na CPMI do 8 de janeiro, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, permaneceu em silêncio.
Cid conseguiu no Supremo Tribunal Federal um habeas corpus que o autorizava a ficar em silêncio nas perguntas que possam produzir provas contra ele. O militar, no entanto, deve responder aos questionamentos que não têm relação com os inquéritos em que é investigado. Mas se recusou até mesmo a responder qual era a própria idade.
Ao todo, 26 parlamentares se inscreveram para questionar o militar sobre o conjunto de mensagens e de documentos encontrados pela Polícia Federal (PF) no celular dele.
Fardado, Cid falou apenas no início da oitiva sobre a própria trajetória no Exército e explicou que o cargo que ocupava na gestão do ex-presidente era uma escolha das Forças Armadas, e não de Bolsonaro.
Ele está preso há 70 dias devido a uma operação da PF que apura fraudes em carteiras de vacinação. Na ocasião, a polícia extraiu algumas informações do telefone de Mauro Cid, pois teve acesso aos aparelhos dele; de Gabriela Santiago Cid, mulher do tenente-coronel; e de Luis Marcos dos Reis, militar que trabalhou com Bolsonaro.
“Sou investigado em 8 inquéritos criminais”, disse o militar. “Não irei me valer dessa oitiva para me defender.” Depois disso, em todas as respostas, Cid explicou aos parlamentares que ficaria calado.
A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), foi repreendida por parlamentares da oposição por perguntar a Cid sobre a acusação de fraude nos cartões de vacinação de Bolsonaro e de sua filha, Laura Bolsonaro.
Ela foi acusada de desvio de finalidade, mas insistiu em seus questionamentos. A oposição ainda alegou que os demais parlamentares governistas estavam “ameaçando” Cid para que ele falasse.
O deputado federal Rubens Pereira Jr. (PT-MA) disse ao militar que, se ele não falasse, eles seriam obrigados a convocar a mulher dele. Até o momento, o governo está “frustrado” com o silêncio do tenente-coronel.