Em um procedimento inédito, um homem de 55 anos passou por uma cirurgia no Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e ficou com dois corações batendo dentro do peito por três meses.
O cirurgião cardiovascular Fábio Gaiotto, que fez o procedimento, explicou que se trata de uma cirurgia pioneira no tratamento da pressão alta no pulmão. Ele conta que o paciente, identificado como Lincon Paiva, precisava controlar a pressão arterial pulmonar, uma das sequelas de um infarto que sofreu no ano passado. Para isso, a solução encontrada foi dar ao paciente um coração extra por tempo limitado.
Gaiotto também cita que embora a técnica de fazer com que um corpo funcione com dois corações não seja nova, é considerada muito rara devido sua complexidade. Além disso, esta foi a primeira vez que ela foi usada para controle da pressão pulmonar.
Ao explicar as etapas do procedimento, o especialista destaca: “São duas etapas. Na primeira cirurgia, utilizo um coração ao lado do outro para tratar uma hipertensão pulmonar” e menciona que “Quando a pressão dos pulmões já está normalizada, o segundo passo, que é mais difícil, é transformar o coração que está fora do seu lugar devido num transplante cardíaco tradicional. Eu tiro os dois corações e o novo é colocado na sua posição final”, completou.
Gaiotto também define que a técnica foi necessária porque não seria possível realizar o transplante de coração no paciente da forma comum: “Ele não teria condição de lidar com o aumento da pressão pulmonar imediatamente. Isso representa uma etapa para que a situação vascular melhore para que depois o coração doado seja implantado no paciente”, disse,“Durante esse período, ele ficou com dois corações trabalhando em situação favorável para que a doença pudesse se resolver.” enfatiza.