Dados do Inpe foram divulgados na quinta-feira 6 pelo Ministério do Meio Ambiente
Crítico ferrenho do governo de Jair Bolsonaro acerca das políticas ambientais, o governo Lula não mostrou bons resultados no primeiro semestre deste ano quando o assunto é a preservação da Amazônia e do Cerrado. Desmatamento e queimadas aumentaram nos principais biomas do país.
Dados do sistema BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados na quinta-feira 6 pelo Ministério do Meio Ambiente, mostram que as queimadas na Amazônia nos últimos seis meses cresceram 10%, na comparação com mesmo semestre do ano passado. publicidade
Foram registrados no bioma mais de 8,3 mil focos de incêndio nesses seis meses de Lula, ante 7,5 mil no primeiro semestre do ano passado. Apenas em junho, foram registradas quase 3,1 mil queimadas na Amazônia, uma alta de 20%, na comparação com mesmo mês do ano passado e o maior número para o mês dos últimos 16 anos. Esse número vem crescendo de maneira assustadora nos últimos meses: em abril, foram 770 queimadas e em maio 1,7 mil.
No Cerrado, o número também disparou: foram 10,3 mil focos de incêndio registrados no primeiro semestre de 2023, o que corresponde a 44,2% de todos os focos de incêndio do país neste período, número 3% superior ao mesmo período do ano passado. Em junho, foram 4,5 mil focos de incêndio no Cerrado, o que significa uma alta de 5,4% na comparação com 2022 e o número mais alto registrado desde 2010.
Além das queimadas: desmatamento também foi maior no Cerrado no governo Lula
Nesse último bioma, também houve aumento do desmatamento, de acordo com dados preliminares do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe. Houve uma alta de 21% em relação aos primeiros seis meses de 2022 (de 3,6 mil km² para 4,4 mil km²). O desmatamento neste primeiro semestre de Lula no cerrado superou o recorde anterior, de 2018, quando 3, mil km² foram devastados nos primeiros seis meses do ano, segundo o Deter.
No caso do Cerrado, 81% do desmatamento está concentrado nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e da Bahia, conhecidos como região Matopiba. Entre eles, o maior peso está na Bahia, que concentra 28% das áreas sob alerta no bioma.
O único resultado positivo é o desmatamento na Amazônia, que, segundo o Deter, diminuiu 33,6% no período. De acordo com o Deter, o acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia foi de 2,6 mil km² entre janeiro e junho, ante 4 mil km² nos primeiros seis meses de 2022. Esta é a menor área devastada no período desde o primeiro semestre de 2019 (2,4 mil km²).
O balanço apresentado para o primeiro semestre também mostra que Mato Grosso superou o Pará como Estado com maior área sob alerta de desmatamento, com 34% do total.
Embora não tenha a finalidade de medir com precisão áreas desmatadas, o Deter aponta tendências com o objetivo de orientar a fiscalização. A taxa anual de desmatamento é medida sempre de agosto a julho por outro sistema do Inpe, o Prodes, e deverá ser divulgada somente em novembro.
Durante a apresentação dos números do Deter, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou que o presidente Lula assumiu seu terceiro mandato “com a decisão política de fazer um enfrentamento da questão da mudança do clima e do combate ao desmatamento, para alcançar desmatamento zero até 2030”. E prometeu providências sobre o aumento das queimadas.