Elena Landau afirmou que era esperado um “Lula pragmático” ao invés do “discurso populista” feito por ele na quinta
A economista Elena Landau, que declarou publicamente seu voto no presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições deste ano, manifestou preocupação com a postura econômica do petista, especialmente a explicitada no discurso realizado por ele na última quinta-feira (10), quando Lula indicou que deve adotar uma postura de irresponsabilidade fiscal.
Em entrevista concedida à CNN Brasil, Landau ressaltou que posicionamentos como o defendido por Lula na última quinta acabam prejudicando de forma mais grave justamente a população mais necessitada, que sofre com os aumentos da inflação, do desemprego e dos juros.
“Toda a experiência brasileira mostra que toda vez que há irresponsabilidade fiscal, quem sofre é o pobre, é ele quem paga pela inflação, pelo desemprego e pelos juros elevados. Existe esse mito de que o mercado é que domina essa discussão. O mercado atua em nome de inúmeros poupadores de todo tipo de renda”, disse.
A economista ainda disse que o mercado foi pego de surpresa, pois esperava um “Lula pragmático”. De acordo com ela, o que foi visto na fala do petista foi um discurso populista que “traz o monopólio da virtude para a esquerda”.
“As pessoas tinham um pouco de esperança de ter um Lula de 2003, um Lula pragmático, entendendo a importância da questão fiscal para se atingir a responsabilidade social. O que vimos foi um discurso populista, um discurso onde traz o monopólio da virtude para a esquerda”, completou.
A FALA DE LULA
Na quinta, Lula fez um discurso contra a estabilidade fiscal e reforçou que não aceita cortar gastos. A declaração foi dada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, onde ficam as instalações da sede da transição de governo.
“Por que as pessoas são levadas a sofrer por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal neste país (…). Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gasto, é preciso fazer superávit, é preciso fazer teto?”, questionou.
O discurso gerou uma reação negativa do mercado, com uma queda no Ibovespa e uma disparada do dólar. Ao saber que a bolsa caiu e o dólar aumentou, o petista ironizou os investidores.
“O mercado fica nervoso à toa. Nunca vi o mercado tão sensível como o nosso”, disse ele aos jornalistas no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição.
Lula ainda questionou porque o mercado não reagiu de forma negativa durante os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro. “É engraçado que esse mercado não ficou nervoso em quatro anos de [Jair] Bolsonaro (PL)”.